quinta-feira, 25 de março de 2021

Falta de medicamentos de intubação pode afetar "todos os hospitais do Ceará", alertam distribuidoras

0

 

A preocupação com o colapso do sistema de saúde do Ceará tem ido além da disponibilidade de leitos de internação: o risco de desabastecimento de medicamentos do chamado “kit intubação” afeta toda a rede hospitalar, pública e privada, de acordo com o Sindicato do Comércio Atacadista de Medicamentos (Sincamece).



O diretor da entidade, Flávio Timbó, afirma que as secretarias estadual (Sesa) e municipal de Fortaleza (SMS) têm sido alertadas, desde o ano passado, sobre a possibilidade de falta de drogas anestésicas e neuro bloqueadoras, indispensáveis à intubação de pacientes com Covid.



Nessa quarta-feira (24), Sesa, Sincamece e outros atores do fluxo de medicamentos no Ceará se reuniram para tratar da demanda. A pasta estadual requisitou o estoque de 26 distribuidoras, para “evitar o desabastecimento” nos hospitais cearenses.



Em nota emitida na manhã desta quinta-feira (25), a Sesa afirmou que a requisição “não afeta as aquisições de outras unidades de saúde públicas e privadas”, de modo que estoques já reservados seguirão o destino normalmente.



A Sesa pontua, ainda, que “se planejou para ter quantidade garantida de medicamentos para tratamento da Covid-19, mas os municípios estão solicitando empréstimos emergenciais em grandes quantidades devido ao momento crítico da pandemia”.



MEDICAMENTOS COM BAIXO ESTOQUE

Os fármacos cujo estoque tem situação mais crítica são o propofol, midazolam, cisatracúrio, rocurônio e pancurônio, que são anestésicos e neuro bloqueadores, como explica Flávio Timbó. “A Sesa às vezes compra estoque para um ano, e recebe para um mês, devido à demanda. Se a Sesa está com dificuldade pra adquirir, imagine os municípios”, avalia.



O diretor do Sincamece explica que tanto as distribuidoras de medicamentos como as unidades de saúde públicas e privadas mantêm um “estoque de segurança”, extrapolando em duas ou três vezes a necessidade prevista. O problema é que o avanço desenfreado da pandemia sufoca as redes.



“A falta de produtos é mundial. A indústria não tem capacidade produtiva nem de insumos para atender o mercado. Toda a rede hospitalar do Ceará e do Brasil corre risco de desabastecimento, pública ou privada. O risco é iminente: a qualquer momento pode faltar em qualquer hospital”, alerta Flávio.

"DESCOORDENAÇÃO" DO GOVERNO FEDERAL

Outro fator, frisa o gestor, é a “descoordenação” do Ministério da Saúde no combate à pandemia. “Ele faz retenções de produção de medicamentos direto na indústria. Havia uma carga de propofol fabricada com destino ao Ceará, o MS vem e retém. Porque não se programou. E isso prejudica os estados”, pontua.


O Diário do Nordeste questionou o Ministério da Saúde sobre quando e por que são feitas essas requisições, para onde são direcionados os medicamentos requisitados e se a Pasta federal mantém diálogo com a indústria farmacêutica, as distribuidoras e as secretarias estaduais para organizar o fluxo. Não houve retorno até a publicação desta reportagem.

DN 


Author Image

About Taperuaba Notícias
Soratemplates is a blogger resources site is a provider of high quality blogger template with premium looking layout and robust design