De
acordo com resultados preliminares anunciados nesta segunda-feira, 20, a vacina
para a Covid-19 da Universidade de Oxford, no Reino Unido, é segura e induziu
resposta imune. Segundo o G1, as conclusões se referem às duas primeiras fases
de testes da imunização. A terceira fase está ocorrendo no Brasil, entre outros
países.
O
efeito deve ser reforçado após uma segunda dose da vacina, conforme os
cientistas. As fases 1 e 2 dos testes, que foram conduzidas simultaneamente no
Reino Unido, tiveram 1.077 voluntários. A vacina britânica poderá ter o
registro liberado em junho de 2021.
Os
ensaios mostraram que a vacina foi capaz de induzir a resposta imune tanto por
anticorpos como por células T (células do sistema imune capazes de identificar
e destruir outras células infectadas).
A
resposta por células T ocorreu em até 14 dias após a dose. Já os anticorpos,
capazes de destruir o próprio vírus, foram identificados 28 dias após a
administração da vacina.
A
resposta imune foi medida em laboratório. São necessários mais testes para
confirmar se a vacina protege efetivamente contra infecções, disseram os
cientistas.
Pesquisa
adiantada
De
acordo com Soraia Smaili, reitora da Universidade Federal de São Paulo
(Unifesp), a vacina britânica poderá ter o registro liberado em junho de 2021.
No total, 50 mil pessoas participam dos testes em todo o mundo, 10% delas no
Brasil: 2 mil em São Paulo, 2 mil na Bahia e outras 1 mil no Rio de Janeiro.
"Com
a quantidade de pessoas que estão recebendo a vacina no mundo, é possível que
tenhamos resultados promissores no início do ano que vem e o registro em junho",
afirma Smaili.
O
Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE) da Unifesp coordena
a aplicação da vacina em São Paulo, que começou em junho com voluntários da
área da saúde.
A
Organização Mundial de Saúde (OMS) classificou a vacina de Oxford como a mais
adiantada no mundo e, também, a mais avançada em termos de
desenvolvimento. Um
dos centros que testa essa vacina é coordenado por uma brasileira, a cientista
Daniela Ferreira, doutora pelo Instituto Butantan.
Mais de 160
vacinas contra Covid em testes
De
acordo com a OMS, há 163 vacinas sendo testadas contra o coronavírus, sendo que
23 delas estão na fase clínica, que é o teste em humanos. Os números são do
balanço da organização com dados até 14 de julho.
As etapas de
produção de uma vacina envolvem três fases. Entenda:
Fase 1: avaliação
preliminar com poucos voluntários adultos monitorados de perto;
Fase 2: testes em
centenas de participantes que indicam informações sobre doses e horários que
serão usados na fase 3. Pacientes são escolhidos de forma randomizada
(aleatória) e são bem controlados;
Fase 3: ensaio em
larga escala (com milhares de indivíduos) que precisa fornecer uma avaliação
definitiva da eficácia/segurança e prever eventos adversos; só então há um
registro sanitário.
Embora
os estudos avancem em todo o mundo, o prazo de 12 a 18 meses para liberação é
considerado um recorde. A vacina mais rápida já criada, a da caxumba, levou
pelo menos quatro anos para ficar pronta.
Outra
hipótese contra a qual todos os pesquisadores lutam é a de que uma vacina
efetiva e segura nunca seja encontrada. O vírus do HIV, que causa a Aids, é
conhecido há cerca de 30 anos, mas suas constantes mutações nunca permitiram
uma vacina.
O POVO