Durante
a pandemia do novo coronavírus, uma das formas de prevenção é evitar o contato
com superfícies que possam estar contaminadas. Uma ação nesse sentido tem sido
substituir os cartões que precisam de inserção nas máquinas de pagamento por
outros mecanismos que efetivem a transação apenas por aproximação.
A
Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) tem
visto uma ampliação do emprego desse recurso. A entidade ainda não tem dados
sobre o uso do mecanismo durante o período da pandemia, mas a ação com os
associados mostra crescimento da modalidade entre correntistas.
Na
avaliação do diretor executivo da associação, Ricardo Vieira, essa ferramenta
já vinha ganhando espaço, mas a pandemia contribuiu para o aumento. “Ela vem
crescendo por diversos fatores. Estamos conseguindo convencer vários segmentos
da importância da aceitação. Tem linha de ônibus em São Paulo, metrô no
Rio de Janeiro, pedágios em São Paulo. Mas a pandemia incentiva esse tipo
de uso porque fica com mais higiene, não há contato com máquina”, comenta.
Segundo
Vieira, a tendência é que essa modalidade de pagamento seja adotada, a cada
dia, por um número maior de pessoas no país e fique como legado do momento
atual. “Acreditamos que vai continuar crescendo muito fortemente porque no
mundo pós-pandemia vamos acabar incorporando hábitos adquiridos neste período”,
projeta.
Um
desafio, no entanto, ainda é a necessidade de digitação, que demanda o contato
com a máquina. Instituições passaram a liberar o procedimento compras de até R$
50. A partir do início do mês, o limite foi elevado para R$ 100.
Para
o médico infectologista Hemerson Luz, o emprego desse tipo de cartão contribui
para evitar formas de contaminação. Ele lembra que o novo coronavírus é
transmitido por gotículas no ar ou em superfícies, e máquinas de cartão são um
exemplo de objetos que podem causar a contaminação.
“A
máquina de cartão é uma superfície potencialmente contaminável. Alguém que
tossiu e tocou nela pode contaminar. Isso pode infectar outra pessoa. Quando se
evita o contato físico com o objeto, se considerada superfície contaminada, ela
pode ajudar”, explica.
Hemerson
Luz acrescenta que a ação de lojistas, como envolver com plástico as máquinas,
também é importante, pois facilita a higienização, uma vez que para uma parte
das compras ainda é preciso digitar a senha. Por isso, é importante buscar
equipamentos com esse tipo de proteção.
No
caso do pagamento por aproximação de celulares, o risco de contaminação é
“muito baixo”, conforme o especialista. Mas, mesmo assim, é importante também
manter a higienização do aparelho.
“O
celular é considerado objeto contaminado antes da pandemia, por bactérias,
microorganismos diversos. Já deve ser preocupação a rotina de limpeza. Algumas
pessoas têm passado filme. Estabelecendo rotina de limpeza diminui a
possibilidade de contágio”, afirma o médico.
A
professora de matemática Isis Busch conta que já utilizava o cartão por
aproximação por uma questão de “praticidade”, pois considerava que era
mais simples do que ter de encostar na máquina. Com a pandemia, a
opção ficou mais consolidada.
“Agora
então, com a preocupação de não compartilhar objetos para evitar espalhar o
vírus, o cartão por aproximação tem sido muito útil. Eu aumentei o valor que o
cartão pode passar por aproximação sem necessidade de senha [antes R$ 50, agora
R$ 100] e mantenho quase todas as transações abaixo desse valor, o que
evita ter de encostar na maquininha para digitar a senha sempre”,
disse.
AGÊNCIA BRASIL