sábado, 27 de junho de 2020

Queda de casos de coronavírus em Fortaleza continua mas desacelera

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Nas últimas três semanas, o número de novos casos registrados da Covid-19 a partir do início dos sintomas manteve tendência de queda. Apesar disso, "a redução de casos diários perdeu velocidade em relação às imediatamente anteriores", aponta boletim epidemiológico semanal da Secretaria Municipal da Saúde de Fortaleza (SMS). Não foram identificadas mudanças nas tendências epidemiológicas que "pudessem ser associadas às etapas de reabertura econômica na Capital". Os registros de mortes em decorrência da infecção continuam se concentrando em regiões periféricas e com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

"Interrupção ou reversão da tendência de declínio de casos e óbitos ainda poderá ocorrer por fatores externos, como aqueles relacionados às variações das Taxas de Isolamento Social", pondera o documento divulgado ontem, 26.

Apesar da interiorização do novo coronavírus no Ceará observada nas últimas semanas, Fortaleza ainda é o município com o maior número de confirmações, com 34.719 casos. Foram registradas 3.244 mortes pela plataforma IntegraSUS, da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), até ontem, às 17h37min.

Não é possível dizer se essa "desaceleração discreta" na queda de casos se deu pela reabertura, avalia a infectologista Evelyne Santana Girão, coordenadora da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital São José e integrante do Coletivo Rebento - Médicos em Defesa da Ética, da Ciência e do SUS. "Pode ser a evolução da doença mesmo. Porque muita gente já se infectou. Pode ter acontecido também pela maior rapidez na liberação dos exames ou pela demanda do Interior", aponta.

Ela alerta que apesar da tendência de queda, a situação ainda é preocupante pela possibilidade de uma segunda onda de casos, como foi observado em outro países. "Temos que lembrar que vírus não obedece decreto. O vírus ainda está circulando e temos muitos casos com óbitos. Infelizmente, nos bairros com menor IDH existe uma dificuldade enorme de isolamento social mesmo com o processo de conscientização da população. Nem que queiram não conseguem pela dificuldade econômica", destaca. Essa parcela da população é mais atingida também porque as residências não têm estrutura hidrossanitária adequada e as unidades de saúde nessas regiões têm menos suporte. Há uma tendência de concentração de mortes na Regional I, especialmente na Barra do Ceará (119) e Vila Velha (93), segundo a SMS.

"Mesmo com a estabilização do número de casos, ainda temos nos deparado com atendimento a pacientes graves e instáveis, que precisam de suporte de oxigênio e de remoção do SAMU para serviços de emergência", relata a médica Ana Beatriz da Costa Guerreiro, especializanda em Atenção Primária à Saúde pela Escola de Saúde Pública/CE e que atua na rede municipal.

O Ceará chegou a 105.270 casos confirmados de Covid-19 e 5.962 mortes pela doença. O percentual de casos contabilizados fora da Capital chegou a 67%. Segundo a Sesa, 22 óbitos registrados aconteceram nas últimas 24 horas. O balanço mostra 78.903 recuperados da doença e 62.581 casos suspeitos em investigação.

"O que a gente tem visto é que os pacientes já chegam em um estado muito grave e a mortalidade é muito alta. Precisa fortalecer o atendimento primário no Interior. Aumentar as equipes de saúde e descentralizar o atendimento primário e secundário nas regiões no Interior", defende a infectologista Evelyne Santana Girão.


O POVO

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