O
governador Camilo Santana (PT) vai anunciar hoje os detalhes da retomada
gradual dos setores econômicos do Ceará. Conforme O POVO apurou, em reunião com
empresários que durou quatro horas e meia, realizada ontem, o grupo de trabalho
que está viabilizando os pontos do plano apresentou uma novidade, que é a
instauração de um período de transição, anterior ao início da primeira fase da
retomada, que durará sete dias.
Além
da primeira semana de transição, a lista de atividades que devem fazer parte da
primeira fase da retomada gradual dos setores econômicos incluiu salões de
beleza e barbearias. Presente na encontro, o presidente da Federação das
Câmaras de Dirigentes Lojistas do Ceará (FCDL), Freitas Cordeiro, afirma que
foi posição dissonante na discussão, pois foi deixado claro pela equipe do
Governo que o comércio varejista não seria completamente aberto na primeira
fase, que deverá começar em 8 de junho.
"O
Governo elaborou um documento muito bom após a análise dos técnicos, mas se
tornou burocrático demais. Acrescentaram mais uma fase, de sete dias, e não
contempla o comércio como um todo. Isso vai prejudicar muito os que vão ficar
para as fases finais, porque vão permanecer fechados por mais 45 dias. É um
castigo desproporcional", diz.
As
cadeias econômicas presentes na primeira fase são indústria de artigos de couro
e calçados; de energia; saneamento básico e reciclagem; indústria têxtil;
indústria metalmecânica, química e correlatos; agropecuária; construção civil;
empresas de serviço; cadeia moveleira; indústria de TI; e comunicação.
Atividades como assessorias esportivas e com personal trainer também devem ser
liberadas, porém sem aglomerações.
O
presidente da FCDL ainda revela que o Governo não contemplou os protocolos
enviados pela federação para que todas as lojas abrissem na primeira fase. Algo
que, para ele, prejudica principalmente os pequenos e médios negócios. Ficou
estabelecido que os comércios abertos na primeira fase serão somente os ligados
às cadeias industriais, como sapatarias, lojas de vestuário, de móveis e de
construção.
Após
a reunião, o governador fez uma postagem nas redes sociais, marcando para hoje
o anúncio oficial do plano de retomada gradual de parte dos setores da
economia. Camilo ainda deixou claro que as medidas de isolamento continuarão em
vigor no Estado. "Vamos apresentar os critérios estabelecidos para o
início da abertura, com muita responsabilidade. Reafirmo que todas as medidas
são respaldadas por estudos e avaliações de nossa equipe de profissionais de
saúde, que continuará acompanhando, dia a dia, a evolução dos números, e nos
orientando em todas as tomadas de decisão. Vidas em primeiro lugar".
Para
o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do
Ceará (Fecomércio-CE), Maurício Filizola, a expectativa é que se possa voltar o
mais rápido possível dentro das responsabilidades e protocolos. "Vamos
fazer um trabalho de apoio a todas as empresas da nossa base, que estão
distribuídas em 34 sindicatos, fazendo com que essa retomada seja rápida.
Estamos colocando também o Senac à disposição para consultorias, com
planejamento estratégico online", observa.
De
acordo com o que já se sabe do plano, os critérios utilizados para definir a
ordem de retorno dos setores econômicos levou em consideração o equilíbrio
entre baixo risco sanitário e alto impacto econômico.
São
quatro fases. Entre uma etapa e outra, será dado um intervalo de 14 dias para o
monitoramento da situação. Toda as atividades flexibilizadas teriam protocolos
de segurança. Agora, antes do início da primeira fase, será realizado esse
período de transição. Os detalhes sobre esse período deve ser explicado pelo
governador.
Em
caso de ampliação da curva de contágio de Covid-19 e comprometimento da oferta
de leitos de UTI, a flexibilização pode ser revista.
Governo pedira
empréstimo para pagar auxílio emergencial
O
Governo Federal recorrerá a organismos internacionais para pagar parte do
auxílio emergencial e de outras medidas de enfrentamento à crise provocada pela
pandemia de coronavírus. O Tesouro Nacional confirmou ontem que pedirá um
financiamento externo de US$ 4,01 bilhões, o equivalente a R$ 21,16 bilhões
pelo câmbio (R$ 5,276).
Essa
será a primeira vez em dois anos que o Governo Federal pedirá dinheiro
emprestado a instituições estrangeiras.
O
empréstimo externo será usado para pagar parte do auxílio emergencial de R$ 600
(R$ 1,2 mil para mães solteiras); o Benefício Emergencial (BEm), que complementa
a renda de trabalhadores com contrato suspenso ou jornada reduzida durante a
pandemia, e o seguro-desemprego.
O
dinheiro também servirá para custear parte da ampliação do programa Bolsa
Família. Os empréstimos feitos pelo Governo Federal serão pagos de 15 a 35
anos, e os juros não poderão superar 0,89% ao ano.
A
operação, explicou o Tesouro, envolveria seis organismos multilaterais: Agência
Francesa de Desenvolvimento (AFD), Banco Interamericano de Desenvolvimento
(BID), Banco Mundial, Corporação Andina de Fomento (CAF), o KfW (banco estatal
alemão) e o Novo Banco de Desenvolvimento (que atende os países do Brics).
(Agência Brasil)
O POVO