Com
recordes de casos e óbitos superados sucessivamente na última semana, o Ceará
chegou a 6.783 confirmações laboratoriais do novo coronavírus até ontem, 27. O
número corresponde a 10,2% dos diagnósticos positivos para o SARS-CoV-2 no
Brasil. O País registrou, até ontem, 66.501 casos. Com 397 óbitos em
decorrência da infecção, o Estado concentra 8,7% das mortes no País, que passou
de 4,5 mil óbitos pela doença.
As
informações foram extraídas da plataforma IntegraSUS, da Secretaria da Saúde do
Estado (Sesa), atualizada às 17h17min, e do Ministério da Saúde, atualizado às
16h30min.
Conforme
a plataforma de dados estaduais, 18.839 casos suspeitos estão em investigação.
Ao todo, 22.724 exames já foram realizados no Ceará. A letalidade da doença
está em 5,9%. São 138 municípios cearenses com casos confirmados. Fortaleza
segue concentrando a grande maioria dos casos, com 5.326 infecções confirmadas
laboratorialmente. O número equivale a 78% dos casos no Estado. A lista segue
com Caucaia (264), Maracanaú (144), Sobral (103), Maranguape (62), Aquiraz (59)
e Eusébio (48).
Apesar
de não ser possível especificar com certeza quando o Ceará chegará ao pico da
infecção, a tendência é que, se a disseminação continuar na mesma evolução, o
período mais complicado seja observado em meados de maio. Essa é a avaliação de
Keny Colares, médico do Hospital São José, professor e pesquisador do grupo de
pesquisa em Virologia e da Pós-Graduação da Universidade de Fortaleza (Unifor).
Conforme o infectologista, apesar dos esforços do governo estadual nas medidas
de isolamento social, no aumento do número de leitos e da capacidade de
testagem, "a cada semana que passa, está ficando mais difícil".
"São
preocupantes as idéias de afrouxar o isolamento porque estamos chegando
justamente no momento mais difícil. A gente ainda está caminhando para o pico.
Se o número de casos e a pressão no sistema de saúde continuar se agravando,
pode ser que precisem o lockdown, um sistema de isolamento mais rígido",
avalia.
A
pressão máxima no sistema de saúde, causada pela grande demanda de atendimento
hospitalar em decorrência da infecção, deve ocorrer primeiro na Capital e no
acesso as Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs). "O sistema não vai
parar de uma vez. Vaga na UTI já está difícil. Nas enfermarias, ainda é mais
fácil. Mas vão começar a internar pacientes graves em enfermarias. As UPAs já
estão tendo dificuldade de transferir pacientes para uma enfermaria. Nas UPAs,
o paciente deve ficar em observação até 48h,mas estão tendo que ficar mais
tempo. São sinais de que parte do sistema de saúde está funcionando mal, com
dificuldade e fazendo coisas que não são sua atribuição", detalha.
Na
Capital, já são 90 bairros com óbitos de pacientes testados positivos para o
novo coronavírus. O que corresponde a 74% dos 121 territórios fortalezenses.
São 316 mortes por complicações causadas pela infecção em Fortaleza. Os dados
são de informe epidemiológico semanal da Secretaria Municipal da Saúde (SMS)
divulgado na noite de ontem, 27. O boletim continua destacando a dispersão de
vítimas em bairros da periferia.
Por
essa razão, as regiões do Grande Vicente Pinzon, Barra do Ceará, Grande Pirambu
e a confluência dos bairros Fátima, Joaquim Távora, São João do Tauape e Alto
da Balança serão alvo de "particular atenção". "A situação dos
bairros Prefeito José Walter e Granja Lisboa está sendo investigada
isoladamente, pois têm apresentado um número significativo de óbitos, desproporcional
ao relativamente baixo registro de casos", diz o boletim.
O POVO