As autoridades da Receita Federal do Brasil têm a inglória tarefa
de, em ano de Copa do Mundo no país, investigar o que caminha para ser o mais
recente escândalo de caixa dois na fértil história fiscal da nação. Está cada
vez mais evidente que o jogador Neymar e seu pai, Neymar da Silva, omitiram do
Leão o recebimento de pelo menos 21,2 milhões de euros do Barcelona no acordo
de transferência do Santos para clube catalão.
A suposta evasão veio à tona
após denuncia da imprensa espanhola de que o então presidente do Barça, Sandro
Rosell, estaria omitindo o real valor no negócio. Pressionado, Rosell confessou
os verdadeiros números no momento de sua renúncia do comando daquele que é um
dos clubes mais respeitados do futebol mundial.
Segundo relata o jornal Folha de S. Paulo na edição deste sábado
(25), a transação envolvendo Neymar saltou dos oficiais € 57,1 milhões (R$
187,5 milhões) para € 86,2 milhões (R$ 283,1 milhões).
Ao considerar-se luvas,
preferência sobre futuros atletas do Santos Futebol Clube, comissão de
agenciamento (no caso, o pai de jogador) e parcerias filantrópicas e comerciais
com a equipe de Neymar, o valor chega perto de € 95 milhões (R$ 312 milhões). É
o número que o diário espanhol El Mundo divulgou como sendo o custo real da
transferência. E que deflagrou a crise.
À empresa N&N, pertencente
ao pai do maior craque brasileiro da atualidade, foi declarado à época do
negócio um repasse de € 40 milhões, muito embora a empresa não tivesse nenhum
percentual sobre o passe do jogador. O valor está inserido no que o novo
presidente do Barcelona, Josep María Bartomeu, classifica como “valor de
transferência”. Ao Santos coube € 17,3 milhões.
Agora, o clube catalão revela o
pagamento de outros € 21,2 milhões a título não se sabe do quê para Neymar e
seu pai. As revelações dos dirigentes sugerem que o montante foi acordado
extra-oficialmente simplesmente para que o atleta optasse pelo Barcelona, em
detrimento do Real Madri, que também disputava o passe do jogador. São esses €
21,2 milhões que, aparentemente, foram omitidos das autoridades fiscais
brasileiras.
Segundo a Folha, citando uma autoridade do clube catalão, havia
com Neymar um acordo antigo para que o atacante se transferisse para a
Catalunha após a Copa, quando terminaria o seu contrato com o Santos. O
dirigente não revelou quando o acordo foi fechado. Em 2012, o jornal catalão
"Sport" divulgou prestação de contas do Barcelona em que € 40 milhões
apareciam reservados para uma operação secreta.
Tabelinha
Com indícios robustos de fraude
fiscal, Neymar pode fazer companhia ao companheiro Messi nas barras dos
tribunais. O atleta argentino, estrela maior do Barcelona, foi indiciado em
junho de 2013 por evasão. O atacante e o pai, Jorge Messi, são suspeitos
de não terem declarado ao fisco da Espanha uma parte dos direitos da imagem
recolhidos entre 2006 e 2009. O valor da fraude, segundo a acusação, ronda os
4,16 milhões de euros.
A defesa de Messi atribui a
responsabilidade da evasão fiscal a um ex-agente, que o pai do atleta diz ter
sido o agente responsável pela “estrutura e gestão” dos rendimentos do jogador
ligados aos seus direitos de imagem. Rodolfo Schinocca, por sua vez, diz que
cessou as suas funções com os Messi em 2006, antes da data a que as suspeitas
dizem respeito, e acrescenta que foi Jorge Messi, o pai do jogador, que quis
“uma conta off-shore” onde colocar os seus rendimentos.
Fonte:
Brasil
247.