sábado, 7 de setembro de 2013

Cid aproveita reforma para mudar secretaria mais crítica.

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Embora ainda não tivesse sido confirmada até o fim da noite de ontem, a saída de Bezerra já era decisão tomada na cúpula do Estado, conforme O POVO apurou. Secretaria amarga estatísticas preocupantes.

Justificada por pretensões eleitorais insuspeitas para quem nunca pertenceu a partido político, a saída do coronel Francisco Bezerra do comando da Segurança Pública representa mudança de rumo na secretaria que mais desgasta o governo Cid Gomes (PSB) desde o ano passado.
Até aliados pressionavam pela substituição e, em entrevista veiculada ontem pelo programa HoraK, na TVC, o próprio irmão do governador, Ciro Gomes (PSB), defendeu a necessidade de alterações. A troca de secretário dentro do pacote da reforma administrativa e a justificativa eleitoral não disfarçam a enorme pressão que havia por mudanças no setor mais crítico da administração estadual, em cenário de violência crescente.

Por causa dos números da violência, a substituição do coronel da SSPDS é aprovada por entidades representativas de policiais civis e militares, Ministério Público, sociedade civil e por pesquisadora dos direitos humanos ouvidos pelo O POVO. Todos reclamam da falta de diálogo.
“Os números demonstram que esta gestão é uma tragédia, um genocídio. Espero que o próximo secretário seja uma pessoa que possa dialogar”, diz Pedro Queiroz, presidente da Associação de Praças da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar do Ceará (Aspramece). O presidente da Associação dos Cabos e Soldados, Flávio Sabino, cita que o coronel Bezerra nunca recebeu representantes da categoria para dialogar. “Em quase três anos de gestão, o secretário não conseguiu colocar nem um projeto novo de segurança pública. Apenas deu continuidade a um sistema que já vinha sendo falho”, A nova gestão da SSPDS “não vai ter uma missão fácil”, avalia o vereador Capitão Wagner (PR), presidente da Associação dos Profissionais de Segurança Pública do Ceará. “O secretário (Bezerra) deixou situação caótica”, diz. Por isso, indica o presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Ceará (Sinpoci), Gustavo Simplício, seria melhor assumir a pasta um civil.

Na avaliação da professora Glaucíria Mota Brasil, coordenadora do Laboratório de Direitos Humanos, Cidadania e Ética (Labvida), da Universidade Estadual do Ceará (Uece), os dirigentes da SSPDS “não são admirados pela tropa”. “Eles não têm legitimidade”, opina. Ela salienta a necessidade da criação de um plano de segurança que seja transparente. “Não sabemos qual o plano de segurança pública. Se existe, não foi divulgado”, diz a professora.
Para a criadora do grupo Fortaleza Apavorada, Eliana Braga, o futuro gestor precisará “conversar com os dois lados (policiais e sociedade civil), saber onde está a falha e procurar corrigir o que nunca foi corrigido”.
O promotor Iran Sírio, coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias Criminais, Júri e Controle Externo da Atividade Policial, do Ministério Público, considera que a segurança necessita de plano e resultado concretos. “Vejo que o governador talvez queira mudar para a construção de política de segurança que atenda aos anseios do Ceará de um estado mais seguro”.
Via Facebook, o governador informou que se reúne segunda-feira com os novos secretários para definir as diretrizes de cada pasta.

Saiba mais

A segurança pública do Ceará é alvo de constantes críticas devido aos índices crescentes de violência. Os homicídios dolosos no Estado, por exemplo, aumentaram 17,5% quando comparados os sete primeiros meses de 2013 com o mesmo período do ano passado.
Os assaltos a ônibus em Fortaleza aumentaram 155,9%, na comparação entre os oito primeiros meses de 2013 e todo o ano de 2012, como O POVO mostrou ontem.
Em agosto, quando coronel Bezerra visitou a Assembleia, deputados chegaram a sugerir que ele deixasse a pasta.
Naquele momento, Bezerra respondeu que não pediria exoneração. “Se tivesse sentimento de culpa, já teria saído”, afirmou.
Em entrevista à jornalista Kézya Diniz, no começo da semana, o ex-governador Ciro Gomes, irmão de Cid, afirmou que “alguma coisa” precisaria mudar na SSPDS. Ciro foi consultor da secretaria durante três meses e fez relatório sobre a pasta para o governo.


Fonte: O Povo.
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