Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instalada na Assembleia Legislativa do Ceará (Alece) para investigar a Enel, o deputado Fernando Santana (PT) ressaltou, nesta quinta-feira (9), que a distribuidora de energia começou a se "autossucatear" no Estado quando percebeu que a venda da companhia não iria vingar e que poderia não conseguir renovar o contrato de concessão devido à má prestação de serviço.
Segundo o parlamentar, falta de colaboradores, de investimentos em manutenção e de equipamentos atestavam o desinteresse da empresa. Esses foram alguns dos achados da CPI da Enel, cujo trabalho foi encerrado na terça-feira (7), com a apresentação do relatório final.
Ainda conforme o parlamentar, a falta de equipamentos fez com que a empresa terceirizasse serviço de outra distribuidora de energia para prestar serviços que ela já era paga para executar. Por conta das baixas, os consumidores sofriam com oscilações de energia e demora para religações.
"Daí a reclamação, a demora para voltar a energia, eles se comprometem em 3h e estão demorando 3 dias para retomar (a energia)", acrescentou.
O presidente da CPI da Enel foi o entrevistado desta quinta-feira da live PontoPoder. Na ocasião, ele falou que a Assembleia espera, agora, que a empresa envie mensalmente um relatório com o detalhamento da execução dos investimentos anunciados pela companhia, compromisso firmado pelo diretor-presidente da empresa no Estado, José Nunes Neto, durante oitiva no colegiado.
"A Enel, através do atual presidente, fez um compromisso público no dia da oitiva: eles vão enviar para a Assembleia mensalmente aonde investiram, quanto investiram, como investiram e a melhoria que foi conquistada", informou Santana.
Todavia, o parlamentar destaca que o compromisso não irá fazer que as solicitações propostas pela CPI à empresa deixem de ser levadas aos órgãos competentes. O relatório final do colegiado pede a caducidade do contrato de concessão, abertura de processo fiscalizatório, providências para a companhia elétrica ser punida, entre outras medidas.
Além disso, ele também irá questionar divergências nos valores de investimentos apresentados pela companhia à Comissão e, agora, publicamente.
"O valor de investimento era R$ 1,5 bilhão e, agora, a publicidade é de R$ 4,8 bilhões", finalizou.
O QUE DIZ A ENEL
A empresa Enel tem se manifestado através de nota. Ela diz que “está alinhada aos desejos de melhoria dos consumidores no estado”. Conforme informou a empresa, foi apresentado aos deputados e à sociedade um plano de investimentos que envolve R$ 4,8 bilhões até 2026, para a melhoria da qualidade do fornecimento, modernização do sistema e novas contratações.
“Dentro do plano de investimentos, além do reforço significativo das equipes de profissionais próprios que atuam em campo — contratação de 1.750 novos colaboradores até 2026 — destaca-se a intensificação das manutenções preventivas, o aumento do número de podas preventivas e a modernização da rede elétrica. Por ano, a companhia planeja realizar mais de 50 mil manutenções, cerca de 320 mil podas e inspeções em 90 mil pontos da rede elétrica em todo o estado”, detalhou.
Ao que alegou a companhia de eletricidade, foram incluídas no plano a construção de quatro novas subestações, a modernização de outras três e a ampliação de 10 subestações, de modo que serão beneficiados cerca de 2 milhões de clientes.
“A companhia também irá construir mais de 170 km de rede de alta tensão para apoiar os novos pontos de suprimentos. Além da alta tensão, até 2026, cerca de 10 mil km de média e baixa tensão serão construídos, para dar apoio às estruturas e conexão de novos clientes. De equipamentos e materiais, mais de 13 mil transformadores e 123 mil postes serão inseridos na infraestrutura atual. Já na área de atendimento, a companhia está planejando investir em abertura de novas lojas e na reforma das existentes, além da ampliação de canais digitais, autoatendimento e unidades móveis”, completou.
Fonte: Jornal Diário do Nordeste.