Com um ano vivendo em salas de
hospitais, a família de João Miguel tem travado lutas diárias pela saúde do
pequeno, de 1 ano e 5 meses. A criança, diagnosticada com Síndrome de Fires,
tem picos febris que acarretam em uma epilepsia de difícil controle. Tendo
iniciado o uso de medicações quimioterápicas, agora, João precisa retornar ao
lar para dar continuidade ao tratamento sem correr o risco de infecções
hospitalares.
No mês de março, ainda sem retorno
do convênio para o envio do homecare necessário para que o bebê possa ser
tratado em casa, as mães da criança, Juliana Monteiro e Denilza Moreira,
entraram com um processo judicial para que a Unimed conceda todos os cuidados
para o filho. O pedido inclui profissionais de saúde, medicações e equipamentos
envolvidos no tratamento de João Miguel.
Em entrevista ao O POVO,
Denilza Moreira conta que, no dia 16 de março, a liminar foi deferida a favor
da família, devolvendo o sentimento de esperança pela recuperação do filho.
Contudo, a mãe conta que, dias após a vitória judicial, ela foi contatada pela
enfermeira responsável pela internação domiciliar e teve a resposta de que
apenas alguns materiais foram liberados pela Unimed para João Miguel. O
restante dos cuidados que a criança necessita não foram incluídos pelo
convênio.
“A enfermeira nos
informou que só tinha sido liberado algumas medicações, a alimentação e, entre
a equipe multidisciplinar, não tinha a fonoaudióloga. Quando perguntamos a ela
sobre os materiais que ele utiliza (sonda de aspiração, sonda de alimentação,
curativos, entre outros), tomamos um susto, pois ela informou que nada disso
tinha sido liberado para o nosso filho”, relatou.
Segundo Deniza, em 21 de
março, a família foi até o escritório do advogado e descobriu que o convênio só
havia liberado o que constava no laudo exemplificativo, mesmo com a liminar
esclarecendo que João Miguel deve retornar para casa com todos os cuidados que
tem dentro da clínica. Então, a neurologista da criança prescreveu um novo
laudo, pontuando todo o suporte médico necessário.
“Nosso advogado pediu o
cumprimento da liminar, a única coisa que recebemos foram duas ligações, as
duas perguntando o porquê de não termos aceitado o homecare, então explicamos
que não tem como uma criança ir pra casa sem os cuidados que tem aqui. Eles
justificaram que a médica não pediu isso no primeiro laudo, mesmo com a juíza
deixando claro na liminar que ele teria que ir pra casa com todos os cuidados
da UTI”, disse.
Conforme a mãe de João,
no dia 11 de abril, a Unimed entrou com um recurso alegando o rol taxativo.
Esse recurso, também chamado de rol exaustivo, estabelece uma lista
determinada, não dando margem a outras interpretações, valendo-se somente do
que está ali inserido. No caso de João Miguel, validando somente o que estava
prescrito no primeiro laudo médico, que era exemplificativo e não continha
todos os cuidados da UTI.
“Negar o direito de João
ir pra casa é cruel. Se qualquer pessoa se colocar no nosso lugar, vai sentir
na pele a indignação e a dor que sentimos. São 4 meses vivendo nessa UTI, há
mais de 1 mês meu filho está pronto para voltar a nossa casa. Por conta dessa
crueldade, João Miguel já teve várias infecções nesses últimos 30 dias, fora as
crises convulsivas. Se ele não sair desse hospital, vamos acabar o perdendo”,
declarou Denilza.
A família continua
tentando trazer o filho para casa, que já está previamente equipada para
recebê-lo. Enquanto isso, as mães continuam com a campanha de arrecadação de
fundos para arcar com os custos médicos do homecare particular, avaliados em R$
14.744,97. As doações podem ser realizadas via Pix, pela chave 603.583.283-06
(CPF), no nome de Denilza Ferreira Moreira.
Nota da Unimed Fortaleza
Ao O POVO, a Unimed
Fortaleza notifica: "Sobre o tratamento do paciente João Miguel Monteiro
Moreira, a Unimed Fortaleza informa que possui um prestador para prestar-lhe o
serviço de atendimento domiciliar e que, na apresentação de melhores condições
clínicas que viabilizem a alta hospitalar para dar continuidade ao tratamento
em casa, a transferência do paciente será realizada bem como serão avaliadas as
suas necessidades e acertadas em comum acordo com a família. A Unimed Fortaleza
reforça o seu compromisso em melhor cuidar das pessoas".
A VOZ DE SANTA QUITÉRIA