O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a atacar
ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quinta-feira, 31. Sem fazer
menção a nomes, Bolsonaro, mais uma vez de forma alterada - mesmo
tom usado em provocações contra o TSE durante evento no Rio Grande do
Norte, na última quarta, 30 - mandou os ministros colocarem a toga e
calarem a boca. “Se não tem ideias, cala a boca. Bota a tua toga e fica aí. Sem
encher o saco dos outros”, disse. Falas foram ditas durante a cerimônia de
troca de ministros. Nove deixaram suas pastas para concorrer às eleições de
outubro próximo.
Em outro momento, Bolsonaro reclama de Alexandre de
Moraes. Um ministro que “não tem o que fazer” e que deve ser um “desocupado”
por “processá-lo o tempo todo”. O presidente não tem muita simpatia com Moraes,
tampouco com a Suprema Corte brasileira. Bolsonaro coleciona vários episódios
de tensão contra Moraes e já chegou até a ameaçar o STF de golpe no ano
passado, durante as manifestações do 7 de setembro. “Ou o chefe desse poder
enquadra o seu ou esse poder pode sofrer aquilo que nós não queremos”, disse.
A rixa de Bolsonaro
contra Moraes começou desde que o ministro passou a ser o responsável pelo
inquérito que investiga o financiamento e organização de atos contra as
instituições e a democracia, onde ele já determinou a prisão de
aliados do presidente e de militantes da base bolsonarista.
Além disso, Bolsonaro é
alvo de quatro investigações no STF: possível interferência na Polícia Federal,
suposta prevaricação sobre irregularidades na negociação da vacina Covaxin,
ataque às urnas eletrônicas e vazamento de dados de inquérito sigiloso da PF. O
presidente possui ainda uma investigação no TSE, por ter atacado, sem provas, o
sistema eletrônico de votos.
O chefe do Executivo já
afirmou também que não cumpriria mais nenhuma ordem de Alexandre de Moraes.
“Dizer a vocês, que qualquer decisão do senhor Alexandre de Moraes, esse
presidente não mais cumprirá. A paciência do nosso povo já se esgotou, ele tem
tempo ainda de pedir o seu boné e ir cuidar da sua vida. Ele, para nós, não
existe mais”, disse Bolsonaro a apoiadores enquanto discursava na Avenida
Paulista, no 7 de setembro.
Recentemente, a ministra
Rosa Weber negou pedido da Procuradoria Geral da República (PGR) para arquivar
o inquérito que investiga Bolsonaro por supostas irregularidades nas
negociações da Covaxin. Augusto Aras irá recorrer da decisão da ministra.
O POVO