Cerca de 12,5 milhões de pessoas encerraram fevereiro
de 2022 endividadas no Brasil. Número total corresponde a 12.518.169 de
brasileiros, representando 76,6% das famílias do País. O grau de endividamento
registrado é o maior nos últimos 12 anos, conforme revela a Pesquisa de
Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada nesta
segunda-feira, 3 de março, pela Confederação Nacional do Comércio (CNC).
Em igual período de 2021,
o percentual de endividamento das famílias brasileiras estava em 66,7%, o que
indica a piora da saúde financeira no último ano. O estudo leva em consideração
todas as dívidas registradas, em atraso ou não, com cheque pré-datado, cartão
de crédito, carnê de lojas, empréstimo pessoal, prestação de carro ou casa e
seguro.
A pesquisa revelou ainda
que do total de endividados no Brasil, 10,5%, o equivalente a 1.215.816 de
pessoas, não terão como quitar, pagar as parcelas, ou qualquer outra ação com
relação às dívidas existentes e seguirão inadimplentes por mais tempo, sem perspectiva de regularização
dos débitos.
O número de pessoas sem condições de quitar ou
renegociar suas dívidas acumula aumento de 0,4 ponto percentual em um mês, no
comparativo entre janeiro e fevereiro de 2022. Nesse cenário, se comparado à
taxa de antes da pandemia de Covid-19, o indicador de inadimplência está
três pontos percentuais acima do registrado em fevereiro de 2020.
A escalada dos juros
encarece o crédito e dificulta a renegociação das dívidas, conforme aponta o
CNC. "O custo do crédito mais elevado e o próprio endividamento
alto entre as pessoas que vivem no mesmo domicílio dificultam a
contratação de novas dívidas, como também o pagamento dos compromissos na
data de seus vencimentos", destaca a Confederação.
No contexto de intenso
endividamento no Brasil, mais da metade (53,9%) dos cerca de 12,5
milhões de brasileiros endividados estão com entre 11% e 50% da renda
comprometida por dívidas. Em situação ainda mais grave, 20,8% dos brasileiros
endividados, um contingente de 2.603.779 pessoas, estão com mais
da metade da rende comprometida por dívidas.
"A alta da inflação
e dos juros tem deteriorado os orçamentos domésticos, culminando no acirramento dos indicadores de inadimplência, a qual vinha apontando tendência
de alta desde o último trimestre do ano passado", destaca a Confederação
Nacional do Comércio na apresentação dos dados da pesquisa.
A CNC pontua ainda que o
grau de endividamento elevado, além de ser maléfico para saúde econômica do
Brasil, impacta diretamente na qualidade de vida das famílias brasileiras
agravando as problemáticas sociais como a insegurança alimentar. "O poder
de compra das famílias também está afetado pelo nível de endividamento elevado,
com as dívidas já contratadas", complementa.
O POVO