Um cearense de 19 anos vende doces
na rua para conseguir juntar dinheiro para custear a ida ao Rio de Janeiro.
Matheus Coelho foi aprovado em 2021 para cursar engenharia elétrica na
Universidade Federal do Rio de Janeiro, a UFRJ, uma das mais concorridas do
país.
Em razão da pandemia, os primeiros meses de aula de
Matheus aconteceram de forma remota, o que possibilitou que ele iniciasse os
estudos em casa. Contudo, pela melhora dos índices de Covid-19 no Brasil, as
aulas presenciais já estão previstas para voltar em abril e o jovem corre
contra o tempo para levantar fundos para custear moradia e alimentação por,
pelo menos, dois meses. Em dias livres, ele vende doces e paçocas nas ruas da
Avenida Beira-Mar, em Fortaleza.
"Logo quando iniciou
as aulas, tive que parar de trabalhar, porque a faculdade era muito pesada e
eu, oriundo de escola pública, senti muito no início. Então eu tinha que
encontrar uma forma de juntar dinheiro para ir ao Rio no tempo que me sobrava.
Então como só me sobrava um ou dois dias por semana, tinha que ser algo de
fácil acesso e lucro razoavelmente alto para maximizar meu tempo livre.
Encontrei todas essas características na paçoquita", disse Matheus
ao g1.
Aprovação na universidade
Morador do Bairro Parque
Dois Irmãos, em Fortaleza, Matheus conseguiu a tão sonhada vaga na UFRJ após
prestar o vestibular do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Ele ficou em 6º
lugar para cinco vagas. Enquanto estava na lista de espera, houve uma
desistência e o estudante conseguiu ser chamado no Sisu. O resultado positivo
saiu no dia do seu aniversário.
"Fiquei aguardando
na lista de espera, até que em 31 de maio saiu o resultado, vi que uma pessoa
havia desistido e eu acabei sendo contemplado com a vaga. Por incrível que
pareça, o resultado saiu no dia do meu aniversário", relembra.
Ajuda
familiar
Matheus ganhou a passagem
aérea para a ida ao Rio de Janeiro de uma tia e, desde a sua aprovação, conta
com o apoio de familiares. Ele tenta conseguir dinheiro para se manter na
cidade carioca por dois meses, já que, após o período, ele já será beneficiário
do programa de auxílio da universidade.
"Minha família me
ajuda muito na medida do possível. Como somos de classe mais baixa, fica
difícil de apoio financeiro, mas apoio moral não falta", conta.
A perspectiva de Matheus
para a nova etapa é a melhor possível. Apesar de ter que deixar amigos e
familiares na cidade natal, o estudante vê a ida ao Rio de Janeiro como uma
possibilidade de, no futuro, dar uma vida melhor aos familiares. "Estou
indo para a maior federal do Brasil. Espero poder ser um engenheiro geral de
alguma multinacional e poder ajudar minha família.
"Estou muito
ansioso. Sei que vai ser difícil deixar amigos, namorada e familiares de lado
no início, mas sei que isso valerá a pena no final", pontua.
G1 CEARÁ