quinta-feira, 3 de março de 2022

Acusada de crimes de guerra, Rússia evoca negociações sobre possível cessar-fogo

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A Rússia afirmou estar disposta a negociar nesta quinta-feira um cessar-fogo com a Ucrânia, embora tenha intensificado os bombardeios no país vizinho e se viu exposta à abertura de uma investigação do Tribunal Penal Internacional por supostos crimes de guerra.

 

O governo ucraniano, por sua vez, indicou que não aceitará nenhum tipo de "ultimato" nessas negociações, que acontecerão em Belarus.

 

Centenas de civis ucranianos morreram e centenas de milhares fugiram de seus lares desde a invasão do país em 24 de fevereiro.

 

A Rússia reivindicou nesta quarta-feira a captura da cidade portuária de Kherson (sul) e concentrou sua artilharia nos arredores de Kiev, provocando temores de um ataque iminente à capital ucraniana.

 

Correspondentes da AFP reportaram danos provocados por supostos bombardeios russos contra edifícios dos serviços de segurança e uma universidade em Kharkiv, a segunda maior cidade do país, e em áreas residenciais de Zhytomyr, a cerca de 150 km de Kiev.

 

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, iniciará nesta quinta-feira uma série de visitas começando por Bélgica (sede da Otan), Polônia, os países bálticos e Moldávia, para denunciar "a contínua, premeditada, não provocada e injustificada guerra contra a Ucrânia" lançada pelo presidente russo, Vladimir Putin, informou o Departamento de Estado.

 

O procurador do Tribunal Penal Internacional (TPI) anunciou a abertura de uma investigação sobre supostos crimes de guerra cometidos por tropas russas.

 

O número oficial ucraniano é de 350 mortos, incluindo 14 crianças, desde o início da ofensiva. A OSCE denunciou a morte de uma de suas observadoras no campo em um dos bombardeios.

 

O exército russo indicou, em seu primeiro balanço oficial, que perdeu 498 soldados e que outros 1.597 ficaram feridos.

 

As tropas russas se deparam com uma dura resistência em seu avanço em território ucraniano.

 

A embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, acusou a Rússia de usar bombas de fragmentação e outras armas proibidas pela Convenção de Genebra em sua ofensiva na Ucrânia.

 

A diplomata estimou que a Rússia se prepara para "aumentar a brutalidade de sua campanha contra a Ucrânia", país de 37 milhões de habitantes (sem contar com a população da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014).

 

O número de refugiados ucranianos em países vizinhos aumentou em 200.000 pessoas em 24 horas, totalizando 874.000, informou a ONU nesta quarta-feira.

 

"O inimigo está aproximando suas forças da capital", disse o prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, mas a cidade "resiste e vai resistir. Nós vamos lutar", prometeu o carismático ex-boxeador.

 

Em uma mensagem televisionada, o presidente ucraniano Volodimir Zelensky denunciou a invasão como um atentado contra a identidade da Ucrânia.

 

"Eles receberam a ordem de apagar nossa história, de apagar nosso país, de eliminar todos nós", afirmou.

 

Em outro vídeo divulgado pelo Telegram, Zelensky elogiou a resistência "heroica" de seu povo, que "atrapalhou os planos do inimigo em uma semana". "Planos escritos há anos: pérfidos, repletos de ódio do nosso país", completou.

 

Putin explicou que a invasão tem como objetivo a "desmilitarização" e "desnazificação" da Ucrânia, que busca uma aproximação com o Ocidente, a Otan e a União Europeia (UE).

 

O presidente russo também exigiu garantias de que a Otan não continuará sua expansão para o leste e que impedirá a entrada da Ucrânia na aliança militar.

 

Os países ocidentais reforçaram as sanções, para isolar a Rússia diplomática, econômica, cultural e esportivamente.

 

A Assembleia Geral das Nações Unidas adotou, por maioria arrasadora, uma resolução para exigir que a Rússia retire suas tropas da Ucrânia e "deplorar" a agressão infligida contra a ex-república soviética.

 

Com 141 votos a favor, cinco contra (Rússia, Belarus, Coreia do Norte, Eritreia e Síria) e 35 abstenções, a resolução, que não tem caráter vinculante, foi aprovada.

 

O Banco Mundial suspendeu todos seus programas de ajuda na Rússia e Belarus.

 

Em seu primeiro discurso sobre o Estado da União, o presidente americano, Joe Biden, afirmou na terça-feira que Putin "está mais isolado do mundo do que nunca".

 

A UE proibiu a difusão em seu território dos meios de comunicação russos RT e Sputnik, e excluiu sete bancos russos do sistema de comunicação interbancário Swift.

 

A lista, no entanto, não inclui os dois principais bancos do país, Sberbank e Gazprombank, cuja conexão com o Swift permite que os países europeus paguem pela importação de gás russo.

 

A guerra também fez disparar os preços do petróleo, que superou os 110 dólares por barril nesta quarta-feira pela primeira vez desde 2011.

 

UE e Otan enviaram armas e munições à Ucrânia, mas deixaram claro que não haverá intervenção direta no conflito.

 

"No futuro, a Rússia será um pária e é difícil ver como eles poderão restaurar algo parecido às interações normais no sistema internacional", disse Sarah Kreps, professora da Universidade Cornell, nos Estados Unidos.

 

Na medida em que o número de civis mortos aumenta pelo conflito, também cresce a oposição à guerra dentro da própria Rússia, onde milhares de pessoas foram detidas por participar de manifestações pacifistas.

 

O opositor Alexei Navalny - que está preso e enfrenta um julgamento na Rússia - convocou seus compatriotas a "tomar as ruas e lutar pela paz".


O POVO

 

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