Um dia após o enterro da mãe,
Olinda Bonturi Bolsonaro, 94, em Eldorado (SP), o presidente Jair Bolsonaro
(PL) conversou por mais de uma hora com jornalistas e moradores da região.
Durante o encontro na manhã deste sábado, 22, o mandatário voltou minimizar
o número de mortes de crianças por Covid-19, criticou o governo Lula e falou em zerar imposto do
diesel.
"Se você analisar, 2020, 2021,
mesmo na crise da coronavírus, ninguém ouviu dizer que estava precisando de UTI
infantil. Não teve. Não tivemos. Eu desconheço criança baixar no hospital.
Algumas morreram? Sim, morreram. Lamento, profundamente, tá. Mas é um número
insignificante e tem que se levar em conta se ela tinha outras comorbidades
também", disse.
De acordo com dados do Sistema de Vigilância
Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe), desde o começo da pandemia até 6 de
dezembro de 2021, no Brasil, foram registradas 301 mortes de crianças entre 5 e
11 anos por Covid-19.
Bolsonaro também afirmou que a vacina para o público
infantil não é obrigatória e que devem ser citados possíveis efeitos
colaterais. "A vacina para crianças não é obrigatória. E tem que ser
falado o que por ocasião da vacinação? Quem for aplicar a vacina? Olha, tá aqui
teu filho, de cinco anos de idade. Ele pode ter palpitação, dores no peito e
falta de ar. Vai ser dito para ele, como está no despacho do
Lewandowski?", disse, em referência à ordem do ministro do STF que
determina que órgãos do Ministério Público investiguem
pais que se recusem a vacinar os próprios filhos.
Bolsonaro ainda falou de "censura" quando
se trata de questionar informações sobre a pandemia. "Se você discutir
Covid, passou a ser crime. Se falar qualquer coisa sobre vacina, passou a ser
crime, derruba a sua página. Cadê nossa liberdade de expressão para debater?
Sobrou a rede de 'zap'".
Ele também falou sobre uma PEC (proposta de emenda à
Constituição) para autorizar a redução temporária de
tributos sobre combustíveis, aposta do ano eleitoral.
Bolsonaro voltou a destacar que a PEC é
autorizativa. "Eu vi um órgão de imprensa dizendo que com essa PEC da
imprensa eu quero confusão com os governadores. Confusão se fosse uma
determinação, a PEC é autorizativa. Eu garanto para você, se a PEC passar, no
segundo seguinte à promulgação eu zero o imposto federal do diesel no
Brasil", disse.
"Não quero brigar com o governador. Quero dar a
chance para ele diminuir o ICMS se ele achar que pode diminuir",
acrescentou.
O presidente aproveitou para rebater boa parte das
críticas da oposição à sua gestão. E adotou a estratégia de comparar sua gestão
com a do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que lidera as pesquisas de intenção
de voto.
"Quando se fala 'no meu governo se comia
melhor'... O Lula governou sem teto [de gastos]. Podia gastar à vontade",
disse. Mesmo assim, diz Bolsonaro, no governo petista não teria sido feito um
Bolsa Família "razoável" para as pessoas, citando valores maiores em
sua gestão.
O POVO