A Polícia Federal concluiu que o
presidente Jair Bolsonaro (PL) agiu deliberadamente para promover desinformação
sobre o sistema eletrônico de votação.
A afirmação consta no relatório
final do inquérito sobre a live realizada por Bolsonaro no dia 29 de julho,
transmitida simultaneamente pelas redes sociais e pela TV Brasil, para
questionar a segurança das urnas. O documento foi enviado ao Supremo Tribunal
Federal (STF) pela delegada federal Denisse Dias Rosas.
"Este inquérito permitiu identificar atuação
direta e relevante do Exmo. Sr. Presidente da República Jair Messias Bolsonaro
na promoção da ação de desinformação", diz um trecho do relatório.
A PF sugere que o presidente seja investigado no
inquérito das milícias digitais - o mesmo que pegou o blogueiro bolsonarista
Allan dos Santos e o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB). A delegada ainda
propõe o envio do caso para a Controladoria-Geral da União e para o Ministério
Público Federal.
Depois de ouvir os envolvidos na organização da
live, incluindo o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, o
ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Eduardo Ramos, e o diretor da
Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, a PF entendeu que
o processo de preparação foi feito de 'maneira enviesada' para promover uma
'teoria conspiratória'.
"Houve vontade livre e consciente dos
envolvidos em promover, apoiar ou subsidiar o processo de construção da
narrativa baseada em premissas falsas ou em dados descontextualizados",
aponta.
A Polícia Federal diz que o grupo investigado atua
'com dolo, consciência e livre vontade' na produção e na divulgação de
'narrativas sabidamente não verídicas ou sem qualquer lastro concreto, com o
propósito de promover mais adesão de apoiadores e outros difusores aos
interesses dessa organização'.
"Restou caracterizado pelas narrativas das
pessoas envolvidas que a chamada live presidencial foi um evento previamente
estruturado com o escopo de defender uma teoria conspiratória que os
participantes já sabiam inconsistente", segue a PF.
O POVO