O surgimento da variante do
coronavírus denominada de ômicron preocupa especialistas
internacionais de saúde e deixa autoridades sanitárias em alerta. A
variante foi detectada na África do Sul e pode ser responsável pela maior parte
de novos registros de infecção pelo novo coronavírus em províncias
sul-africanas.
Nos casos analisados, constatou-se
que a variante é portadora de dezenas de mutações genéticas que podem afetar os índices de contágio e de
letalidade, mas ainda não se sabe se ela é mais transmissível ou mais letal. A
Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que precisará de semanas para compreender
melhor o comportamento da variante.
Sintomas
Angelique Coetzee, médica sul-africana que fez o primeiro alerta às autoridades sobre a variante ômicron do
coronavírus, recém-descoberta no país, disse que seus pacientes apresentaram
sintomas leves, mas ressaltou que é necessário mais tempo até que a ciência
tenha informações consolidadas sobre a nova cepa, e o que ela provoca em
pessoas vulneráveis.
Em entrevista ao jornal britânico The Telegraph, no
sábado, 27, a médica disse que o que acendeu seu alerta para a possibilidade de uma nova variante foram
os sintomas leves mas "incomuns" apresentados pelos pacientes que a
procuraram em seu consultório em Pretória.
"Os sintomas deles eram tão diferentes e mais
leves daqueles que eu tinha tratado antes", afirmou. Ela citou que os
pacientes eram pessoas
jovens com fadiga intensa. Nenhum deles, no entanto, sofreu
perda de paladar ou cheiro, sintoma relativamente comum da covid-19.
No total, segundo a médica, cerca de 24 de seus
pacientes tiveram teste positivo para covid com sintomas da nova variante, metade
deles não se vacinou contra a Covid-19.
Eram, na sua maioria, homens saudáveis que apareceram "muito
cansados".
A médica, no entanto, ressaltou que seus pacientes
eram todos saudáveis, e que está preocupada com a possibilidade da ômicron
atingir pessoas mais velhas ou com comorbidades.
Casos
no Brasil
Neste domingo, 28, a Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa) informou que um passageiro
brasileiro com passagem pela África do Sul e que
desembarcou em Guarulhos, na Grande São Paulo, testou positivo para a Covid-19.
Não há confirmação se o caso é da variante ômicron.
O paciente, que já está em isolamento, é vacinado, segundo a agência. É um
homem, de 29 anos, morador de Guarulhos, que está em casa
e tem apenas sintomas leves da doença.
O
que diz a OMS?
A nova variante foi classificada pela OMS
(Organização Mundial de Saúde) como "de preocupação" na sexta-feira
(26). A ômicron tem uma proteína de espigão diferente daquela do
coronavírus original, na qual se baseiam as vacinas contra covid-19. Isso
aumenta a preocupação de que a B.1.1.529
possa "escapar" da proteção dos imunizantes.
Os especialistas trabalham agora para entender de
fato o quanto a nova variante é mais transmissível, mais agressiva ou se pode
superar parcialmente o efeito protetor das vacinas disponíveis.
A Pfizer anunciou que levaria cerca de 100 dias para desenvolver e produzir uma vacina sob medida para a
nova variante do coronavírus, caso necessário. Um
porta-voz da farmacêutica informou que a empresa já está estudando a B.1.1.529
e deve divulgar os primeiros dados "em no máximo duas semanas".
Governos, inclusive o brasileiro, anunciaram o fechamento de fronteiras com países africanos, mas há uma
série de medidas que ainda precisam ser tomadas para conter o avanço, segundo
especialistas, como avanço da vacinação.
O POVO