O rendimento médio mensal dos
cearenses em 2020 foi de R$ 1.667,00, o maior desde o início das análises, em
2012. Contudo, o índice ficou abaixo da média entre todos os estados
brasileiros neste ano, que é de R$ 2.213,00, conforme a Pesquisa Nacional por Amostra
de Domicílios (PNAD), divulgada pelo Instituto Nacional de Geografia e
Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (19).
Em relação à população geral, o
Ceará ficou na nona posição quanto ao rendimento total recebido mensalmente. O
Distrito Federal teve a maior média: R$ 3.974,00 mensais.
Benefícios sociais
De acordo com Hélder
Rocha, supervisor da área de disseminação de pesquisas do IBGE, no Ceará esse
aumento leva em conta todas as fontes de renda da população ocupada, dos
autônomos e dos aposentados e pensionistas. Entretanto, houve um aumento
significativo de pessoas recebendo benefícios sociais do governo no período da
série histórica, com destaque para 2020 no contexto da pandemia.
"Sempre predominou
ao longo da série histórica a participação das aposentadorias e pensões, que
assim como dos trabalhadores formais tiveram aumentos salariais anuais. Porém,
com a pandemia, houve um incremento de pessoas recebendo benefícios sociais do
governo. Só para se ter uma ideia, o percentual de renda oriunda dos programas
sociais saltou de 12,2% em 2019 para 19,2% em 2020, abrangendo cerca de 1,1
milhão de pessoas, o que justificou esse aumento do valor médio mensal do
rendimento no estado, explicou.
Na região Nordeste, o estado
registrou o terceiro maior rendimento ficando atrás do Rio Grande do Norte (R$
1.768) e Sergipe (R$ 1.677). Maranhão (R$ 1.270) e Piauí (R$ 1.399) têm os piores
índices de rendimento do país.
Desigualdade
de rendimento entre os sexos
Conforme a pesquisa, as mulheres
tiveram rendimentos 12,2% menores que os homens em 2020, no Ceará.
Em média, as mulheres tiveram ganho mensal de R$ 1.706,00 no ano passado, enquanto
o valor médio para os homens foi de R$ 1.941,00. Uma diferença média de R$
235,00.
Em 2018, foi registrada a maior
proporção de desigualdade entre os sexos no estado. Com o rendimento médio
mensal dos homens em R$ 1.705 e o das mulheres em R$ 1.355, uma diferença de
20,5% a menos para o sexo feminino. Equivalia, em média, a R$ 350,00 a mais
para os homens.
Brasil tem queda recorde
Apesar do crescimento do índice no Ceará, o rendimento médio
mensal do brasileiro teve queda recorde em 2020 e atingiu o menor valor desde
2012. De acordo com o levantamento, o rendimento mensal médio real de todas as
fontes no país passou de R$ 2.292 em 2019 para R$ 2.213 - valor mais baixo
desde 2013, quando era estimado em R$ 2.250 (já descontada a inflação do
período). Este recuo corresponde a uma queda de 3,4%, a mais intensa da série
histórica da pesquisa iniciada em 2012.
A queda foi generalizada entre a maioria das fontes
que compõem a renda do brasileiro. O recuo mais intenso foi observado entre as
chamadas “outras fontes”, que incluem aposentadoria, pensão e aluguéis.
As exceções foram observadas entre o rendimento
habitualmente recebido do trabalho, devido a um efeito estatístico, e entre os
chamados “outros rendimentos”, que registraram salto recorde devido ao auxílio
emergencial, criado pelo governo para socorrer a população mais vulnerável
diante da crise sanitária.
Diferenças
regionais
A
queda no rendimento médio mensal real de todas as fontes ocorreu na maioria das
regiões do país. No Sudeste (-4,7%) e no Sul (-4,3%) o recuo foi mais intenso
que a média nacional. No Centro-Oeste (-3,3%) ela foi equivalente à do país. A
região Norte, por sua vez, registrou estabilidade do indicador, enquanto no
Nordeste ele apresentou aumento de 1%.
O rendimento médio proveniente de outras fontes, por
sua vez, caiu em todas as grandes regiões, tendo sido mais intensa que a média
nacional no Centro-Oeste (-21%) e no Sudeste (-19,6%). No Sul (13,2%), Norte
(-8,7%) e Nordeste (-5,4%) o recuo foi menos intenso.
Já o rendimento médio habitual do trabalho também
apresentou aumento regionalmente. No Norte (4,5%) e Nordeste (7,6%) ele foi
acima da média nacional, enquanto Sudeste (2,8%) e Centro-Oeste (3,2%)
registraram expansão levemente menor que a geral do país. No Sul (0,3%), porém,
ficou praticamente estável.
G1 CEARÁ