O
ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse hoje (28) que o governo federal
lançará um programa de testagem da população para covid-19. O anúncio foi feito
em pronunciamento após a terceira reunião do Comitê de Coordenação Nacional
para Enfrentamento da Pandemia da Covid-19, no Palácio do Planalto. Ainda não
há data para início do programa.
Segundo
Queiroga, o objetivo é conseguir identificar os casos positivos e seus
contactantes para que se possa adotar uma política mais efetiva de quarentena
para os indivíduos afetados pela covid-19 e, assim, reduzir a transmissão da
doença. Ele explicou que o programa usará testes antígenos para detecção do
vírus, que têm resultados mais rápidos do que o teste de RT-PCR.
O
teste de antígeno é um exame imunológico rápido, que avalia a proteína viral do
SARS-CoV-2 no organismo. O resultado demora, em média, 30 minutos e pode
diagnosticar a infecção viral atual, mas não detecta os anticorpos adquiridos.
A utilização desse teste é indicada nos primeiros 7 dias de sintomas, com
sensibilidade mais elevada do primeiro até o terceiro dia de sintomas. O teste
é coletado diretamente com amostras de swab (cotonete) de nasofaringe.
Queiroga
também reiterou as recomendações de uso de máscaras e do distanciamento social
- chamadas de medidas não farmacológicas. “As medidas não farmacológicas,
associadas a uma ampla campanha de vacinação são as duas armas que temos para
pôr fim a essa pandemia. Nesse sentido, é importante a adesão da nossa
população. Não adianta ficar esperando só pelos governos federal, estaduais e
municipais, todos nós temos que nos comprometer com essa iniciativa”, disse.
Reunião
com a OMS
Na
próxima sexta-feira (30), o ministro da Saúde também vai participar de uma
reunião com o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros
Adhanom. Para ele, é importante essa relação multilateral com outros organismos
da saúde, “seja pela troca de conhecimento científico, seja pela possibilidade
de ajuda dessas instituições na busca por insumos estratégicos, seja em relação
a pesquisas”.
Nesse
sentido, ele informou que a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep)
aprovou uma pesquisa, a ser realizada no Brasil, sobre a efetividade da vacina
Covishield, desenvolvida pela Universidade de Oxford, em parceria com a
farmacêutica britânica AstraZeneca, e produzida no Brasil pela Fundação Oswaldo
Cruz (Fiocruz). A pesquisa será conduzida pela Universidade Estadual Paulista
(Unesp), Fiocruz e Oxford, com apoio do Ministério da Saúde e da Embaixada do
Reino Unido no Brasil.
“Então,
vamos avançar na pesquisa, na aplicação de condutas baseadas na ciência, na
procura do diálogo com as sociedades científicas e com a sociedade civil
brasileira e com apoio da imprensa, levando informações que sejam úteis para
nossa sociedade”, completou o ministro.
Questionado
sobre a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, que foi instalada
ontem (28) no Senado, Queiroga disse que, quando for convocado, prestará todas
as informações solicitadas, como vem fazendo. O primeiro a ser ouvido pelo
colegiado, na semana que vem, será o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta,
que comandava a pasta no início da crise sanitária.
Vacinação
O
Ministério da Saúde também anunciou a antecipação da entrega de 2 milhões de
doses de vacinas do consórcio Covax Facility de junho para maio, totalizando,
então, 4 milhões de doses do consórcio no próximo mês. De acordo com o contrato
de adesão do Brasil à iniciativa, firmado em 25 de setembro de 2020, o país
terá acesso a 42,5 milhões de doses de vacinas contra a covid-19.
A
Covax Facility é uma aliança internacional da OMS que tem como principal
objetivo acelerar o desenvolvimento e a fabricação de vacinas contra a covid-19
e garantir acesso igualitário à imunização. A projeção é que sejam enviadas 330
milhões de doses das vacinas da Pfizer/BioNTech e Oxford/AstraZeneca na
primeira metade de 2021 para 145 países integrantes da aliança, que reúne mais
de 150 nações.
Segundo
Queiroga, o Ministério da Saúde também atualizará semanalmente o cronograma da
vacinação, com as doses confirmadas e as que devem ser entregues ao longo do
ano.
Pressão
no sistema
O
ministro da Saúde avalia ainda que o Brasil já está assistindo a uma queda no
número de casos por covid-19 e, consequentemente, de óbitos pela doença, apesar
de ainda ser um número elevado. “Mas a queda tem causado menor pressão sobre o
nosso sistema de saúde e diversos estados já têm uma situação mais confortável
de disponibilidade de leitos de terapia intensiva”, disse.
Da
mesma forma, segundo ele, há uma menor pressão por insumos estratégicos como
oxigênio e kits de intubação no sistema público de saúde (SUS). Ainda assim, o
governo federal continua trabalhando para manter em dia os estoques e a
distribuição desses produtos.
Protocolos
clínicos
O
governo federal também espera a aprovação do Projeto de Lei nº 415/2015, que
trata do aprimoramento das avaliações econômicas realizadas no âmbito da Comissão
Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec). Segundo Queiroga, o
projeto será importante para a elaboração de protocolos clínicos e diretrizes
terapêuticas que sejam úteis, na prática. Nesse sentido, o governo quer aprovar
um protocolo para o tratamento da covid-19.
Enquanto
o projeto não é aprovado, o Ministério da Saúde está editando notas técnicas de
recomendação acerca do tratamento, uma parceria com técnicos da pasta e as
sociedades científicas com liderança do pneumologista e professor da
Universidade de São Paulo (USP), Carlos Carvalho. Dois textos já foram
editados.
O
primeiro trata da otimização do uso do oxigênio e da intubação orotraqueal.
Queiroga explica que a intubação é um procedimento rotineiro em paciente com
insuficiência respiratório, mas que, nos pacientes com covid-19, requer algumas
peculiaridades. “O paciente pode perder a vida durante a intubação, de tal
maneira que resolvemos dar uma padronização em relação a essa conduta”, disse.
A
outra nota técnica diz respeito à segunda dose da vacina CoronaVac, produzida
no Brasil pelo Instituto Butantan, em parceria com o laboratório chinês
Sinovac. Segundo o ministro, devido a atrasos no cronograma de entrega em razão
de problemas com os insumos de fabricação vindo da China, muitas pessoas
fizeram a primeira dose, mas não conseguiram a segunda no prazo de até um mês,
como recomendado. A nova nota indica que, independentemente do prazo, a segunda
dose do imunizante deve ser aplicada, assim que estiver disponível. “Esperamos
que na semana que vem sejam distribuídas doses de CoronaVac suficientes para
que haja a regularização nacional da segunda dose”, disse.
Doenças
prevalentes
O
ministro garantiu que o governo está atento ao aumento de óbitos por outras
doenças prevalentes na população, como as cardiovasculares, e está trabalhando
em estratégias para garantir assistência à população para tratamento dessas
enfermidades.
Segundo
Queiroga, todos os anos, mais de 380 mil pessoas morrem de doenças
cardiovasculares, sobretudo infarto e Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Entretanto, na primeira onda de covid-19, no ano passado, houve uma redução nas
notificações desses óbitos no âmbito do sistema de saúde e um aumento de óbitos
por doenças inespecíficas fora do ambiente hospitalar. “Esse fenômeno pode ser
repetir em 2021, até com frequência maior”, alertou sobre a importância da
continuidade da atenção à saúde.
Agência Brasil