A
campanha Conectando Patrimônios: redes de artes e sabores, do Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), lançou esta semana uma
oportunidade para que cordelistas do Distrito Federal divulguem seus trabalhos
para a sociedade brasileira, estimulando a venda de livretos, xilogravuras e
outros produtos relacionados a esse bem cultural. A meta é promover o
Patrimônio Cultural Imaterial, com a venda de produtos associados a bens
registrados em todo o país. A campanha foi iniciada há cerca de dois meses e já
reúne nove patrimônios imateriais, incluindo a literatura de cordel do DF.
A
coordenadora geral de promoção e sustentabilidade do Departamento de Patrimônio
Imaterial (DPI) do Iphan, Rívia Ryker Bandeira de Alencar, disse à Agência
Brasil que a ideia é incluir na campanha todos os 48 bens imateriais reconhecidos
hoje como patrimônio.
“Estamos
em vias de inserir mais cinco patrimônios imateriais e 20 estão em negociação,
pegando contatos para aderir à campanha”, informou Rívia. Em processo mais
avançado estão a Literatura de Cordel, de Sergipe; Marabaixo, do Amapá;
Capoeira, do Amapá; Ofício de Baiana de Acarajé, da Bahia; Maracatu, de
Pernambuco; e Mamulengo, de Pernambuco. Rívia explicou que, a cada semana,
conforme vai entrando na campanha um bem regional, é dada projeção nas redes
sociais e divulgação na mídia local da região determinada.
Caráter
permanente
A
campanha Conectando Patrimônios tem caráter constante. “A ideia é que seja
permanente e cada vez mais aprimorado. Que aumentem o alcance e a quantidade de
participantes, que tenham outras formas de visualização para constante
aperfeiçoamento para viabilizar a divulgação do patrimônio, que ele chegue na
sociedade de forma mais fácil, mais rápida, como os produtores, que são os
detentores das práticas culturais”, disse Rívia.
A
campanha faz a divulgação dos contatos dos produtores de bens imateriais e eles
oferecem o que vendem. “Já temos relatos de artesãos que fazem uma viola
tradicional, que é a viola de cocho do Mato Grosso. Há pessoas de São Paulo
ligando para eles. Eles nunca tinham imaginado isso”.
Cordelistas
do DF
A
literatura de cordel foi registrada como Patrimônio Cultural Brasileiro desde
2018. É uma das formas de expressão e faz parte da identidade do Distrito
Federal, porque coincide com a história da construção de Brasília, quando
inúmeros operários deixaram seus estados para trabalhar nos canteiros de obras
da nova capital, trazendo consigo a arte de rimar e improvisar versos. Presente
na cultura nacional, o cordel é também ofício, veículo de comunicação e
constitui uma importante forma de expressão, informou o Iphan.
O
cordelista Davi Mello, morador de Brasília, destacou que, nessa pandemia, os
cordelistas que vendiam seus trabalhos em praças, eventos e feiras foram muito
impactados. “A parceria com o Iphan surge em um momento em que precisamos nos
reinventar para promover os nossos trabalhos e fortalecer a nossa arte”, disse.
Ele afirmou, ainda, que a campanha Conectando Patrimônios beneficia não apenas
os artistas e detentores de bens culturais, "mas também a sociedade, que
tem na arte e na cultura uma forma de revigorar as pessoas e suas
subjetividades, especialmente nesses tempos de isolamento social.”
Agência Brasil