Com
preços bem mais atraentes, principalmente diante do
contexto de crise econômica, o ovo ganhou cada vez mais protagonismo nas
refeições do cearense e do brasileiro nos últimos meses. Além de naturalmente
mais barato, o produto teve variação de preço aquém do que foi observado na
carne vermelha: de acordo com a inflação de Fortaleza medida pelo Índice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), enquanto o ovo subiu 13,1% de
março do ano passado até fevereiro de 2021, o preço da carne teve uma variação
de 26,1%.
O
membro da Associação Cearense de Avicultura (Aceav) e sócio-diretor da Avine
Alimentos, Airton Carneiro Júnior, pontua que o consumo de ovos no Estado e em
todo o País cresce de maneira contínua, mas durante o isolamento
social rígido de 2020 e a corrida aos supermercados, o produto
chegou a faltar, “o que momentaneamente impactou os preços”, explica.
“Cada
vez fica mais claro que o ovo é muito saudável, aliás, é o segundo alimento
mais completo da natureza, só perde para o leite materno”, afirma Airton
Carneiro Júnior. De acordo com ele, no Brasil, o consumo é estimado em 250
ovos por habitante/ano, próximo à média de consumo mundial.
Na
avaliação dele, esse novo posicionamento do ovo como superalimento deve
continuar ajudando a impulsionar o consumo. “Mas deve ser lentamente, porque o
alimento já conquistou muito espaço nos últimos anos”, diz Carneiro Júnior.
Alta
de 50% no custo de produção
Na
avaliação dele, apesar de o Ceará já vir superofertando o produto desde 2019,
os preços devem ficar mais caros neste ano em relação ao ano passado. “O custo
dos insumos da ração (milho e soja) subiram ao longo de 2020 e não estão
retrocedendo. Com isso, os custos de produção subiram mais de 50% e
devem ser repassados para garantir a estabilidade do setor”, detalha. No
Brasil, a produção cresceu 4% em 2020.
O
supervisor regional do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos (Dieese), Reginaldo Aguiar, explica que o avanço das exportações de
produtos como o milho e a soja é um fator que influencia não só nos custos de
produção das aves e ovos, mas das carnes em geral. “O problema maior não é nem
a demanda em excesso, mas a oferta que cai”, diz.
Cenário
pessimista
Para
ele, o cenário é preocupante, já que não há perspectivas de que os preços da
carne caiam e a população sofre fortemente os impactos econômicos do avanço do
coronavírus. “Pelo que vemos nos relatórios, esses contratos (de exportações)
levam um tempo para serem atendidas essas demandas, são grandes
quantidades”, diz.
“Nós
tivemos, em janeiro, recorde de saques da poupança e as pessoas ainda
estão sem o auxílio emergencial, que era de R$ 600 e agora, que estamos com um
problema maior, será de R$ 250”, ressalta Reginaldo Aguiar. A população deve
continuar buscando, portanto, opções de alimentação cada vez mais acessíveis.
Informações Diário do Nordeste