Numa época em que a solidariedade e a empatia têm sido cada
vez mais exigidas, Dona Hilda Cândida tem orgulho de pensar no próximo. Aos 108
anos, a idosa seria a primeira pessoa a ser vacinada em Rio das Flores,
cidadezinha do Sul Fluminense. Mas abriu mão da dose a que tinha direito.
Segundo ela, a generosidade é um dos valores mais importantes do ser humano.
—
Eu já vivi tanta coisa nessa vida, com quase 109 anos, que prefiro dar a vacina
para alguém mais novo, que ainda pode viver mais do que eu posso. Estou quase
partindo, não quero essa vacina — afirma a idosa, que faz aniversário em 2 de
março.
Com
dores crônicas nas pernas — fruto da idade avançada —, Dona Hilda passa boa
parte do dia sentada no banco da varanda da casa onde mora. A lucidez ainda
está presente. Durante a entrevista, fecha os olhos a cada vez que busca as
lembranças de uma vida "bem aproveitada", como ela mesma define.
Parece tentar trazê-las à tona, mesmo as mais antigas, de quando era bebê em
Santo Antônio de Olaria (MG).
O
sabor dos remédios não é seu favorito, mas mesmo assim ela não deixa de tomar
as vitaminas receitadas pelos médicos e enfermeiros que a visitam
periodicamente em casa. O que agrada o paladar de Dona Hilda é algo mais
saboroso e geladinho.
Durante
a pandemia, mantém-se isolada de vizinhos e amigos, a quem acena do portão. A
Covid-19, que desde março já matou sete pessoas em Rio das Flores, é assunto
que a idosa prefere deixar de lado. Mas mesmo sem aceitar a vacina, promete não
descuidar da proteção e seguir usando máscara e álcool em gel.
O
Globo