Após
denúncias de moradores de Jati, no Cariri cearense, a Prefeitura pediu reforço
policial para patrulhamento das casas que precisaram ser evacuados após rompimento da
tubulação na barragem da Transposição do Rio São Francisco. Sem a
presença dos moradores, as residências estariam sendo furtadas.
“A
gente tomou conhecimento disso hoje pela manhã e já chamamos o comandante da
Polícia Militar pedindo reforços", informou ao G1 a
prefeita de Jati, Maria de Jesus Diniz.
Segundo
ela, a Prefeitura também disponibilizou quatro seguranças para realizar o
patrulhamento na cidade. Não foi confirmado o efetivo que será enviado ao
município. A expectativa é que os policiais cheguem ainda nesta segunda-feira
(24).
Na
última sexta-feira (21), a barragem que faz parte do Eixo Norte da Transposição
do São Francisco inaugurado
pelo presidente Jair Bolsonaro em junho, rompeu. A ocorrência foi um
dia após a abertura da comporta de um canal que recebe água da transposição,
evento que contou com a presença do ministro do Desenvolvimento Regional,
Rogério Marinho. O jato d'água provocado pelo vazamento atingiu a parede da
barragem. Cerca de 2 mil moradores precisaram deixar suas casas após
recomendação da Defesa Civil.
O G1 tentou
contato com a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado (SSPDS)
questionando quantos policiais seriam enviados e até quando permanecerão no
local, mas não houve retorno até a publicação desta matéria.
Moradora
do Conjunto Dona Belarmina, próximo à barragem, Maria de Jesus, 46, diz que
criminosos "estão aproveitando [para levar os pertences dos moradores] já
que as casas estão vazias”. Em depoimento ao G1 ainda neste domingo
(23), o agricultor Antônio Andrade tinha ido à própria casa e já havia alertado
para os furtos na região. “Vim só dar de comer e água aos bichos. Já morreram
bichos e também já roubaram. O pessoal é acostumado a roubar aqui”, contou.
Apesar
de as autoridades estarem tranquilizando os moradores quanto ao risco de um
novo rompimento, o retorno às residências ainda está sendo parcial.
"Ficamos
com medo de acontecer alguma coisa. Estamos dormindo na casa do meu irmão, eu,
meu esposo e meus dois filhos", relata Maria de Jesus.
"Todo
mundo está com medo em Jati. Durante o dia passo em casa e à noite vou para o
meu irmão. Algumas coisas já levei pra lá, caso aconteça desta barragem
romper", disse a moradora.
Situação
Segundo
a prefeita de Jati, a situação está sob controle, e os técnicos no local estão
dando os devidos esclarecimentos à população ao longo desta segunda. A área que
demanda maior preocupação, segundo a gestora, envolve 287 casas próximas à
barragem.
Por
questão de segurança, os proprietários não estão autorizados a retornar. Um
grupo de 64 moradores foi levado a uma pousada, localizada na cidade de Brejo
Santo, também no Cariri, e ainda permanece no local, segundo disse ao G1 o
coordenador municipal da Defesa Civil, Juarez Nogueira Filho.
Ele
informou que técnicos da Defesa Civil do Estado e engenheiros do consórcio
responsável estão realizando o atendimento à população para esclarecimentos.
“Permanecem as ações de apoio às pessoas que deixaram suas residências
provisoriamente”, afirmou. A maioria dos que tiveram que deixar suas casas
foram abrigadas em casas de parentes e amigos.
G1 CEARÁ