Os
vereadores Sargento Reginauro (Pros), Julierme Sena (Pros) e Márcio Martins
(Pros) tiveram entrada barrada nesta sexta-feira, 12, no hospital de campanha
do estádio Presidente Vargas, em Fortaleza. Alegando que estavam no local para
fiscalizar a unidade, os três insistiram em entrar na área hospitalar e a
Polícia Militar precisou ser acionada.
Nas
redes sociais, os vereadores classificaram a ação da gestão do hospital como
"abuso de autoridade e obstrução da lei”. “Enquanto a população morre sem
leitos, soubemos que apenas 60 dos 225 leitos estão ocupados”, publicou
Reginauro. Ele argumenta que os vereadores chegaram ao local com um mandado
judicial em mãos, que autorizaria a fiscalização.
Segundo
a Prefeitura de Fortaleza, a entrada dos vereadores foi barrada pois eles não
tinham autorização para trânsito dentro da área hospitalar. A gestão destaca
ainda que os vereadores não fizeram comunicação prévia da vistoria, e que a
decisão judicial que traziam dizia respeito à obra de construção do hospital, e
não ao funcionamento da unidade em si.
A
gestão do hospital decidiu chamar a Polícia Militar após um dos vereadores
ameaçar entrar na unidade aproveitando o momento em que alguma ambulância
chegasse ou deixasse o local. Imagens dos parlamentares discutindo com
servidores da gestão e com os policiais militares circularam nas redes sociais
durante a tarde desta sexta-feira.
"Qual
o problema de visitar um órgão que é público, que é nosso, do povo de
Fortaleza?", questiona Julierme Sena em uma das imagens. "Nós não
precisávamos nem de ordem judicial para entrar aqui", destaca Márcio
Martins, em outra.
“Filmar leitos
vazios”
Segundo
Márcio Martins, a intenção da visita era filmar o interior da unidade para
mostrar a “ociosidade e subutilização” de leitos do hospital. Segundo Martins,
ele recebe constantes denúncias de pessoas precisando de leitos de Unidade de
Terapia Intensiva (UTI), enquanto o Hospital do PV está "com mais da
metade de sua capacidade ociosa".
O
vereador argumenta que ele próprio teria acionado a PM por duas vezes, em
tentativas de entrar no estabelecimento. A Prefeitura de Fortaleza reafirma, no
entanto, que foi ela que acionou os agentes de segurança no caso. “Não havia
qualquer justificativa plausível para a autorização da entrada”, diz a
assessoria de imprensa da gestão.
A
ação ocorre um dia após o presidente Jair Bolsonaro recomendar, em transmissão
ao vivo, que seus seguidores invadam hospitais públicos para filmar leitos
vazios. Nesta sexta-feira, um grupo invadiu, a socos e pontapés, a ala para
Covid-19 do hospital Ronaldo Gazolla, do Rio de Janeiro, chegando a quebrar
equipamentos e assustando pacientes.
Leitos ociosos
A
Prefeitura de Fortaleza destaca que, em um mês de funcionamento, o hospital do
PV atendeu mais de 1000 pacientes, com 800 deles já tendo recebido alta. A
gestão destaca ainda que, durante parte do período em que ficou em
funcionamento, o hospital operou com 100% da capacidade.
Atualmente,
estão ocupados apenas 68 dos 280 leitos disponíveis, o que a gestão atribui
como “resultado das medidas de lockdown impostas no município”. A gestão
destaca ainda que, durante parte do período em que ficou em funcionamento, o
hospital operou com 100% da capacidade.
De
acordo com a plataforma IntegraSUS, que reúne indicadores da Covid-19 no Ceará
e dispõe de informações sobre ocupação de leitos, o número de leitos ativos no
hospital do PV atualmente é de 136. Conforme dados atualizados às 20h05min
desta sexta-feira, 12, são 34 leitos de UTI e 102 de enfermaria. Destes, nove
leitos de UTI estão ocupados, contra 51 de enfermaria.
O POVO