Há
exatos três meses, as estatísticas oficiais indicavam as primeiras mortes
causadas pelo novo coronavírus no Ceará: um homem de 72 anos que estava
internado há cinco dias na UTI do Hospital São José de Doenças Infecciosas
(HSJ) e que tinha hipertensão e diabetes; e duas mulheres com 72 e 85 anos,
também com doenças crônicas, atendidas em hospitais particulares também da
Capital. Os três residiam em Fortaleza e não resistiram às complicações
respiratórias.
Na
época, o IntegraSus, plataforma de indicadores de saúde alimentada pela
Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), apontava que Fortaleza tinha 182 dos 215
casos registrados em todo o Estado. No Brasil, 46 pessoas haviam morrido e
2.201 casos haviam sido confirmados, com taxa de letalidade de 2,1% - em
Fortaleza e no Ceará, esses números eram de 1,12% e 0,36%, respectivamente. De
lá para cá, esse índice sextuplicou, no caso de Fortaleza, e é 16 vezes maior
para o Ceará.
Vale
lembrar de que a taxa de letalidade de uma doença é o cálculo do número de
mortes causadas por ela e dividido pelo número de casos confirmados, ao passo
que a taxa de mortalidade é o número de mortes por 100 mil habitantes de uma
determinada localidade.
"A
letalidade mede a chance da pessoa com a doença vir a morrer em consequência
dela, e a mortalidade mede a chance de uma pessoa sem a doença vir a tê-la e,
em seguida, morrer. Por exemplo, os livros indicam que a mortalidade por raiva
humana é próxima de zero, mas com letalidade de 100%", resume o médico
epidemiologista Marcelo Gurgel Carlos da Silva, membro do Grupo de Trabalho de
Enfrentamento à Covid-19 da Universidade Estadual do Ceará (Uece).
"No
caso da Covid-19, a letalidade não é um bom indicador, de modo geral. Não dá
para comparar, por exemplo, Fortaleza com o Interior e dizer que temos uma
letalidade mais alta, porque não temos dados precisos sobre o denominador, ou
seja, o número de casos identificados por testes. Ter uma perspectiva completa
da letalidade da pandemia só será possível quando a testagem for aumentada
significativamente e as pessoas com sintomas leves também forem identificadas,
e não somente as mais graves", completa.
As
taxas de letalidade atualizadas pela Sesa na noite de ontem para Fortaleza e o
Ceará indicavam 7,69% e 5,8%, respectivamente. Ainda de acordo com a secretaria,
o Ceará registrou 98.055 casos confirmados e 5.728 mortes, o que representa
3.347 casos e 110 óbitos a mais do que os do dia anterior, sendo que 20 óbitos
ocorreram no período de 24 horas.
Fortaleza
é o município com o maior número de confirmações da patologia, com 33.755 casos
e 3.174 mortes. Sobral vem logo depois, com 5.571 casos confirmados e 205
mortos, seguido de Caucaia (3.351 casos confirmados, 266 mortos) e Maracanaú
(3.232 casos confirmados, 203 mortos).
De
acordo com dados do Ministério da Saúde divulgados na noite de ontem, o Brasil
teve 1.374 novas mortes registradas nas últimas 24 horas e 39.436 novos casos,
totalizando 1,14 milhão de brasileiros infectados. São Paulo registrou recorde
de mortes, com 434 óbitos registrados nas últimas 24 horas - a marca anterior
havia sido no dia 17, com 389 óbitos.
O POVO