Uma
vacina contra o novo coronavírus é possível ainda em 2020? Os executivos da
indústria farmacêutica são otimistas, mas alertam que os desafios serão
colossais para produzir e distribuir bilhões de doses necessárias.
Mais
de 100 laboratórios de todo mundo lutam contra o tempo para produzir uma, ou
várias, vacinas contra o novo coronavírus. Destes, dez alcançaram a fase de
testes em humanos até o momento.
"A
esperança de muitas pessoas é que consigamos uma vacina, talvez várias, até o
fim do ano", disse o diretor-geral da AstraZeneca, Pascal Soriot, em uma
entrevista coletiva virtual na quinta-feira (29). A empresa britânica está
associada à Universidade de Oxford para a produção e a distribuição da próxima
vacina no mundo todo.
Albert
Bourla, diretor da Pfizer, que organiza testes clínicos com a empresa alemã
Biontech, também acredita em que será possível obter uma vacina antes de 2021.
"Se tudo correr bem, e os astros se alinharem, teremos testes suficientes
de segurança e eficácia para poder ter uma vacina até o fim de outubro",
declarou.
Vários
anos são necessários para colocar uma vacina no mercado, mas, diante da
pandemia de Covid-19, as vacinas experimentais consideradas seguras e eficazes
poderão ser lançadas em prazos recordes.
A
Federação Internacional da Indústria de Medicamentos (IFPMA) adverte, no
entanto, que a produção e a distribuição de vacinas enfrentam desafios
"gigantescos". Um deles, paradoxalmente, é que os índices de
transmissão do vírus registrem uma queda rápida na Europa, onde acontecem
vários testes médicos.
Estes
índices serão muito frágeis para constatar seus efeitos em um meio natural,
preocupa-se Soriot, ao destacar que os estudos, nos quais os voluntários se
expõem intencionalmente ao vírus para medir a eficácia de uma vacina, não são
eticamente aceitáveis no caso da COVID-19. "Não temos muito tempo",
constata.
O
novo coronavírus provocou mais de 360 mil mortes e contaminou pelo menos 5,8
milhões de pessoas no mundo desde seu surgimento na China, no fim de dezembro
passado.
O
mundo vai precisar de duas doses de vacina por pessoa, ou seja, 15 bilhões, de
acordo com algumas estimativas, um verdadeiro quebra-cabeças logístico, recorda
o diretor da IFPMA, Thomas Cueni. A indústria farmacêutica se comprometeu a
garantir uma distribuição equitativa das vacinas validadas, mas "não
teremos as quantidades necessárias no primeiro dia, mesmo trabalhando de
maneira extra", admite Cueni.
Quando
a vacina estiver disponível, terá de ser colocada em pequenos frascos de vidro.
"Mas não existem frascos suficientes no mundo", constata Soriot.
A
AstraZeneca e outros grupos estudam a possibilidade de armazenar várias doses
por recipiente.
A VOZ DE SANTA QUITÉRIA