Um
dia antes de anunciar se renova ou não o decreto de isolamento social no Ceará
para combater a pandemia do novo coronavírus, o governador Camilo Santana (PT)
disse que, "mesmo diante da gravidade da situação", especialistas da
área sanitária do Estado "avaliam uma tendência de estabilidade no quadro
da Capital".
"O
que chega a ser um alento, embora com muita precaução", ressaltou o chefe
do Executivo, que em seguida reforçou o papel das medidas de restrição para
conter a propagação da doença.
"É
fundamental o respeito ao isolamento para conseguirmos diminuir mais ainda a
velocidade de contaminação e nossa rede de saúde ter capacidade de
atendimento", declarou o petista.
Durante
toda a tarde de ontem, Camilo se reuniu com o prefeito de Fortaleza, Roberto
Cláudio (PDT), para definir o conjunto de ações de enfrentamento à infecção no
território estadual.
Válido
desde o dia 8 de maio, o decreto que instituiu o "lockdown" (bloqueio
total) na Capital expira hoje, juntamente com o documento que estabelece
isolamento no restante do Estado. Camilo e Roberto Cláudio farão anúncio
conjunto.
O
cenário mais provável é que o governador prorrogue o decreto pela quinta vez,
pelo menos até o fim do mês de maio, quando o Governo e técnicos teriam dados
mais concretos sobre a progressão ou o recuo da enfermidade.
Até
agora, o Ceará registra 28.112 casos confirmados de Covid-19 e 1.856 mortes. No
Brasil, são 271.628 pacientes com a doença e 17.971 óbitos - 1.179 deles apenas
entre a segunda-feira e ontem, num recorde do País, que ultrapassou pela
primeira vez a marca dos mil mortos em apenas 24 horas.
Embora
reconheça melhora no panorama de Fortaleza, foco da patologia no Estado e de
apreensão por causa da carência de leitos, Camilo afirma que, "quanto mais
o isolamento for respeitado, mais rápido sairemos dessa situação difícil e
poderemos retomar outras atividades econômicas".
Nas
últimas semanas, o gestor tem sido pressionado pelo setor produtivo a
flexibilizar o decreto, permitindo a retomada dos trabalhos. Amanhã, o assunto
deve ser discutido em videoconferência entre governadores e o presidente Jair
Bolsonaro (sem partido).
Em
entrevista à Rádio O POVO/CBN no dia 13/5, o titular da Secretaria da Saúde do
Estado (Sesa), Carlos Roberto Martins Rodrigues, o Cabeto, assegurou que, para
haver abrandamento nas regras contra o coronavírus, é necessária uma redução
continuada no número de diagnósticos e de mortes.
"A
escolha é muito clara. Quem faz isolamento social melhor e mais agressivo volta
antes para a economia", defendeu o médico. Para ele, "fora dessas
situações, seria muito arriscado fazer a flexibilização e ter o número de
óbitos por desassistência".
Além
de Fortaleza, o governador citou ainda a interiorização do coronavírus. Camilo
admitiu "preocupação com o maior avanço do coronavírus no Interior, onde o
Governo do Estado tem procurado ampliar cada vez mais a rede de
atendimento".
O
mandatário observou que os grupos de trabalho com representantes das
secretarias estaduais e municipais discutem soluções e que qualquer decisão
será tomada "sempre seguindo a ciência".
O POVO