quinta-feira, 2 de abril de 2020

Pelo menos 10 pessoas foram sepultadas com suspeita de coronavírus em Fortaleza e Região Metropolitana

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Levantamento do G1 junto aos cemitérios de Fortaleza e Região Metropolitana, apontou que 4 cemitérios sepultaram pessoas com suspeita de Covid-19.

No Ceará, o último boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) confirmou, na noite desta quarta-feira (1º), confirmou nove óbitos em decorrência da Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus. No entanto, segundo levantamento do G1 junto a cemitérios de Fortaleza e da Região Metropolitana, pelo menos dez pessoas foram sepultadas com suspeita da doença.

O cemitério Parque da Paz teve o maior número de sepultamento de casos suspeitos: seis. O Memorial Fortaleza sepultou dois casos suspeitos. O Memorial Sol Poente e o Monte Sinai atenderam a um caso cada em que a família tinha a suspeita.

Já o Parque da Saudade e Jardim do Éden declararam ter recebido casos, mas não disseram quantos. São João Batista, Jardim da Esperança e Memorial Ternura ainda não receberam, mas informaram que já adotam as devidas medidas sanitárias.

de acordo com a Sesa, na ocorrência de óbito confirmado, inconclusivo ou descartado para Covid-19, a unidade de saúde deve notificar imediatamente os serviços de Vigilância do Óbito do município e do Estado. Caso a coleta de material biológico não tenha sido realizada em vida, deve-se proceder após a morte “para posterior investigação da equipe de vigilância local.”
Se o óbito não tiver elucidação diagnóstica, deve ser feito o contato da unidade com a Central de Regulação de Necropsias do Serviço de Verificação de Óbitos Dr. Rocha Furtado, do Governo do Ceará, para avaliar a “extrema necessidade” da autópsia. O procedimento expõe a equipe a riscos adicionais, declara a Pasta.
Planejamento

Fortaleza e Região Metropolitana dispõem de 11 cemitérios particulares e “muita disponibilidade” de jazigos, segundo a presidente do Sindicato das Empresas Funerárias do Estado do Ceará (Sefec-CE), Mayra Grisólia. “A maioria trabalha com uma reserva grande”, informa, sem revelar números. Contudo, por causa do avanço do novo coronavírus, o setor tem alguma apreensão.

O conselho para os cemitérios associados é “se preparar para o pior cenário”, ainda que o atendimento não esteja prejudicado no momento.

“Quem disser que está preparado está mentindo”, destaca a presidente do Sefec-CE. Os gerentes dos espaços têm promovido discussões sobre o preparo da situação, inclusive calculando a abertura de novos jazigos.

“Semana passada, mandei montar mais 50 jazigos que não foram vendidos, e temos estoque de mais 50”, informa Newton Padilha, diretor do Cemitério Parque da Paz, em Fortaleza. “Quem já tiver jazigo, tem que fazer exumação porque, quando sepultar, não pode abrir mais. A gaveta tem que ficar lacrada”. Segundo ele, o equipamento já está recebendo sepultamentos de pessoas com suspeita de coronavírus.

Cemitérios públicos

A pandemia também pode afetar o Cemitério Público Parque Bom Jardim, na Regional V, único dos cinco cemitérios públicos de Fortaleza que ainda recebe sepultamentos. Recebendo cerca de 13 enterros por dia, o local passa constantemente por exumações para disponibilizar novas vagas. De acordo com a Secretaria Executiva Regional V, não houve alteração na média de sepultamentos nos últimos dias.

A administração informa que “está acompanhando de perto todas as atualizações referentes ao coronavírus em Fortaleza para assegurar que os serviços à população sejam minimamente afetados”. O equipamento dispõe de 1.000 vagas para sepultamento imediato, mas possui contrato vigente de exumação que assegura cerca de mais 4 mil vagas em 2020.
Atualmente, o Cemitério Parque Bom Jardim está funcionando apenas para sepultamentos, que podem ser acompanhados por, no máximo, 10 pessoas. Visitas, atos ecumênicos, velórios, cortejos ou qualquer atividade que levem à aglomeração de pessoas estão temporariamente suspensas.
Urnas

Mayra Grisólia afirma que as funerárias também estão se precavendo quanto ao estoque de urnas mortuárias. Quando o primeiro decreto estadual de fechamento de estabelecimentos entrou em vigor, a principal fábrica fornecedora do mercado cearense, no município de Russas, parou. Após pedido do Sefec-CE, o local voltou a funcionar.

“Como temos uma fábrica dentro do Estado, temos até certa tranquilidade. Eles já trabalham com a capacidade total para ficarmos com maior estoque possível”, garante a presidente.
Restrições

Grisólia explica que o maior foco do setor é manter restrições durante os velórios. Uma decisão da Justiça do Ceará, do dia 20 de março, proibiu a realização de cerimônias para eventuais mortos em decorrência do coronavírus. A medida impõe que o enterro ocorra logo depois da liberação do corpo nas unidades hospitalares.

Procedimentos de somatoconservação, ou seja, as técnicas utilizadas para conservar os corpos por mais tempo, também devem ser interrompidos. Aos mortos por outros motivos, são permitidos velórios somente no período diurno, com duração máxima de uma hora e presença de até dez pessoas.
“Não é tanto pelo risco de contaminação pelo falecido porque a própria Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) manda lacrar a urna. Chamamos atenção sobre o contato entre os vivos, porque alguém da família pode ter sido contaminado antes. Alguns bairros de Fortaleza insistem em ter velórios numerosos”, alerta Mayra.
Reivindicações

As funerárias cearenses fazem eco à Associação Brasileira de Empresas e Diretores do Setor Funerário (Abredif), que encaminhou um protocolo ao Governo Federal contendo diretrizes para que o fenômeno observado na Itália não se repita no País. Uma das reivindicações é a proteção dos profissionais funerários, que também estão expostos à contaminação, por meio da não realização de cerimônias que aglomerem pessoas.
Outro pedido é pela não interrupção do fornecimento de equipamentos de proteção individual, como máscaras, luvas e botas.


G1 -CE


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