Twitter
diz que 'expandiu regras para abranger conteúdos que forem eventualmente contra
informações de saúde pública orientadas por fontes oficiais e possam colocar as
pessoas em maior risco de transmitir Covid-19'.
O
Twitter apagou duas publicações da conta oficial do presidente Jair Bolsonaro
na noite deste domingo (29). No lugar das publicações, feitas na tarde de
domingo, aparece a mensagem: "Este tweet não está mais disponível porque
violou as regras do Twitter".
O G1 entrou em contato com o Twitter e com a
Secretaria de Comunicação do Palácio do Planalto para comentar o assunto. O
Planalto diz que não vai comentar. O Twitter respondeu o seguinte:
"O
Twitter anunciou recentemente em todo o mundo a expansão de suas regras para
abranger conteúdos que forem eventualmente contra informações de saúde pública
orientadas por fontes oficiais e possam colocar as pessoas em maior risco de
transmitir COVID-19. O detalhamento da ampliação da nossa abordagem está
disponível neste post em nosso blog."
No
post citado pela empresa, são listados todos os tipos de mensagens que podem
colocar em risco a saúde pública em relação ao coronavírus. Veja o texto mais abaixo.
Mais
cedo neste domingo, o presidente Jair Bolsonaro provocou aglomerações durante um passeio em Brasília e voltou a se
posicionar contra o isolamento social, defendido por autoridades
de saúde do mundo inteiro. O passeio e o posicionamento foram registrados em
posts no Twitter.
Conteúdos contrariam
autoridades de saúde do mundo
O
Twitter não informou quais pontos específicos das imagens ou das declarações
dos dois posts levaram à exclusão. Além dos dois apagados, há outros posts do
passeio dele em Brasília e de declarações deste domingo sobre o coronavírus que
continuam no ar.
Em
um dos vídeos apagados, Bolsonaro conversa com um ambulante, defende que as
pessoas continuem trabalhando, e diz para "quem tem mais de 65 ficar em
casa". Ele acena positivamente quando uma das pessoas na aglomeração diz
que "tem que abrir os comércios e trabalhar normalmente".
No
segundo vídeo, ele entra em um supermercado, volta a provocar aglomerações,
critica as medidas de isolamento e diz para jornalistas que "o país fica
imune quando 60, 70% foram infectados" e que um remédio contra o
coronavírus "já é uma realidade", sem apresentar comprovação.
Apesar
de haver pesquisas iniciais, não há remédio com atuação comprovada contra o coronavírus e
ninguém sabe quando teremos.
As
autoridades sanitárias do mundo inteiro defendem que todos os que puderem fiquem em
casa para diminuir os riscos de quem tem de trabalhar, como aqueles de setores
essenciais, como saúde, transportes e fábricas, entre outros. Bolsonaro, porém,
insiste num isolamento mais restrito, apenas de idosos e doentes crônicos.
Os
dois vídeos de Bolsonaro continuam no ar nas páginas oficias de Bolsonaro no
YouTube e no Facebook. O G1 perguntou
ao Google, dono do YouTube, e ao Facebook sobre o posicionamento das empresas
em relação a estes conteúdos, mas não teve resposta até a última atualização
desta reportagem.
Posts
apagados de Ricardo Salles e Flávio Bolsonaro
No
dia 23 de março, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, teve um post
apagado por colocar a população em risco de contaminação com a doença. O post
tinha um vídeo antigo sobre a doença apresentado como se fosse novo,
confundindo a população.
Flávio
Bolsonaro, que tinha compartilhado o vídeo, também teve seu post apagado.
Veja
o trecho do blog do Twitter que cita os tipos de conteúdos que passam a ser
contra as regras da rede:
"[Medidas
que estamos tomando:] Abranger nossa definição de danos para atuar em conteúdos
que vão diretamente contra as informações globais e locais de saúde pública
orientadas por fontes oficiais. Em vez de depender de denúncias, atuaremos
próximos a parceiros confiáveis, incluindo autoridades de saúde pública e
governos, e continuaremos usando e consultando informações dessas fontes ao
revisar os conteúdos. Sob essa nova orientação, solicitaremos que as pessoas
removam Tweets que incluam:
Negação
das recomendações de autoridades de saúde locais ou globais para diminuir a
possível exposição ao COVID-19 com a intenção de influenciar as pessoas a agir
contra as orientações recomendadas, como: “o distanciamento social não é
eficaz” ou incentivar ativamente as pessoas a não se distanciar socialmente em
áreas impactadas pelo COVID-19.
Descrição
de tratamentos ou medidas de proteção que não sejam diretamente prejudiciais,
mas ineficazes; que não se aplicam ao contexto do COVID-19; ou que estão sendo
compartilhadas com a intenção de enganar outras pessoas, mesmo que sejam em tom
de humor, como “o coronavírus não é resistente ao calor - caminhar ao ar livre
é suficiente para se proteger” ou “use aromaterapia e óleos essenciais para
prevenir o COVID-19”.
Descrição
de tratamentos prejudiciais ou medidas de proteção ineficazes; que não se
aplicam ao COVID-19; ou estão sendo compartilhadas fora de contexto para
enganar pessoas, mesmo que sejam feitas em tom de brincadeira, como “beber água
sanitária e ingerir prata coloidal curará o COVID-19”.
Negação
de fatos científicos estabelecidos em relação a transmissão durante o período
de incubação ou orientação das autoridades de saúde locais e globais, como
“COVID-19 não infecta crianças porque não vimos nenhum caso de crianças doentes”.
Afirmações
específicas em torno das informações do COVID-19 que têm como objetivo
manipular as pessoas para um determinado comportamento, para ganho de terceiros
com um pedido de alguma ação, como “o coronavírus é uma fraude e não é real -
saia e curta seu bar local!!” ou “as notícias sobre lavar as mãos são
propaganda para as empresas de sabão, parem de lavar as mãos” ou "ignorem
as notícias sobre o COVID-19, elas são apenas uma tentativa de destruir o
capitalismo, quebrando o mercado de ações”.
Afirmações
específicas e não verificadas que incitam as pessoas a agir e causam pânico
generalizado, agitação social ou desordem em larga escala, como “a Guarda
Nacional acaba de anunciar que não haverá mais reposição de alimentos por 2
meses - vá até o supermercado o mais rápido possível e compre tudo o que
puder!”
Afirmações
específicas e não verificadas feitas por pessoas que se passam por um
funcionário, organização ou governo de saúde, como uma conta de paródia de um
oficial de saúde italiano afirmando que a quarentena do país acabou.
Propagação
de informações falsas ou enganosas sobre os critérios ou procedimentos de
diagnóstico do COVID-19, como “se você puder prender a respiração por 10
segundos, não terá coronavírus”.
Declarações
falsas ou enganosas sobre como diferenciar COVID-19 de outra doença e
informações que tenham o objetivo de diagnosticar alguma pessoa, como “se você
tem tosse úmida, não é coronavírus - mas tosse seca é” ou “você vai sentir como
se estivesse se afogando em catarro se tiver coronavírus - não é uma secreção
nasal normal”.
Informações
de que grupos específicos ou nacionalidades nunca são suscetíveis ao COVID-19,
como “pessoas com pele escura são imunes ao COVID-19 devido à produção de
melanina” ou “a leitura do Alcorão tornará um indivíduo imune ao COVID-19”.
Afirmações
de que grupos específicos ou nacionalidades são mais suscetíveis ao COVID-19,
como “evite empresas pertencentes ao povo chinês, pois é mais provável que
tenham o COVID-19”.
G1
G1