Brasília – O
presidente Jair Bolsonaro afirmou,
nesta quarta-feira, 5, que uma pessoa portadora de HIV representa “uma
despesa para todos no Brasil”, além de “um problema sério para ela mesma”.
Bolsonaro fez o comentário ao defender a ideia da ministra da Mulher, Família e
Direitos Humanos, Damares Alves, de que a abstinência sexual deve ser
apresentada como método contraceptivo.
“O
próprio Alexandre Garcia, ele fala que a esposa dele, que é obstetra, atendeu
uma mulher que começou com o primeiro filho com 12 anos de idade. Outro com 15,
e no terceiro, que a esposa dele atendeu, ela já estava com HIV. Uma pessoa com
HIV, além do problema sério para ela, é uma despesa para todos no Brasil”,
disse o presidente.
Bolsonaro
foi inicialmente questionado sobre reportagem do Estado que revelou uma redução
expressiva para políticas de combate à violência contra a mulher. Segundo ele,
Damares “é (nota) 10” nessa questão. Na visão do presidente, a área não precisa
de dinheiro ou de recursos, e sim de “postura”, “mudança de comportamento” e
“conscientização”. Em seguida, mencionou a atuação da ministra em defesa da
abstinência sexual.
“Quando ela (Damares) fala em abstinência sexual, esculhambam
ela. Quem quer… Eu tenho uma filha de nove anos, você acha que eu quero minha
filha grávida no ano que vem? Não tem cabimento isso aí. É essa a campanha que
ela faz”, declarou o presidente sobre Damares.
Reações
A
Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA) repudiou a fala do
presidente e afirmou que ela reforça “o estigma, o preconceito e a
discriminação contra as pessoas que vivem com HIV/Aids neste País”.
Afirmou
ainda que políticas de abstinência sexual não reduzem as taxas de infecção pelo
HIV e que Bolsonaro lidera um governo que “ignora cotidianamente os direitos
humanos fundamentais”.
“Ao
dizer que as pessoas vivendo com HIV causam prejuízo à sociedade, o presidente
autoriza tacitamente o estigma, a discriminação e a violação dos seus direitos
humanos”, disse a entidade, em nota.
A
ABIA afirmou esperar que o Supremo Tribunal Federal (STF) e demais instituições
jurídicas “se mantenham alinhados à Constituição e garantam o acesso ao SUS e a
proteção de todos os direitos fundamentais lá garantidos, inclusive das pessoas
que vivem com HIV/Aids”.
Exame