Fernando Frazão/Agência Brasil |
O
governador do Rio, Wilson Witzel, lamentou hoje (23) a morte da menina Ágatha
Vitória Sales Félix, de 8 anos, e defendeu a política de segurança que
implementou no estado. A estudante foi vítima de bala perdida, no Complexo do
Alemão, na noite da última sexta-feira (20).
Moradores
dizem que a bala partiu de um policial militar. A Polícia Militar (PM), no
entanto, informou que naquele dia equipes policiais da Unidade de Polícia
Pacificadora (UPP) Fazendinha, na esquina da Rua Antônio Austragésilo com a Rua
Nossa Senhora, foram atacadas de várias localidades da comunidade de forma
simultânea e que os policiais teriam então revidado à agressão.
Nesta
segunda-feira, o governador reuniu seus secretários da área de segurança para
uma coletiva no Palácio Guanabara. “Eu lamento profundamente a perda. Meu
sentimento é de pai, que também tem uma filha de 9 anos. Olhando a minha filha,
você acha que eu não choro, pensando na dor de qualquer pai ou mãe? Eu sou pai,
tenho meus filhos em casa. Olho para eles na cama e penso: 'amanhã aquela mãe não
vai ter mais um filho deitado na cama, para olhar, acariciar, passar a mão no
cabelo'. Vocês pensam que eu não penso nisto? Eu não sou um desalmado. Eu sou
uma pessoa de sentimento. Mas não é porque nós temos um fato terrível como este
que nós vamos parar o estado”, disse o governador, ao final da coletiva,
visivelmente emocionado.
Witzel
aproveitou a coletiva para fazer uma defesa da política de segurança
implementada por seu governo, que tem gerado um alto número de mortes em
confrontos e também várias vítimas inocentes, atingidas por balas perdidas. Só
este ano, cinco crianças morreram por causa do fogo cruzado.
“A
sensação de segurança é nítida. Nós hoje estamos em um ritmo de trabalho como
nunca houve na história do estado e isto está incomodando demasiadamente o
crime organizado, pois eles sabem que vão sofrer mais perdas ainda e nós não
temos a menor intenção de parar de fazer o que está sendo feito. No caso da
menina Ágatha, não era uma operação. O que o tráfico e o crime organizado fazem
é fustigar a polícia para que ela seja obrigada a enfrentá-los. A polícia não
cria o confronto. Quem cria o confronto são as organizações criminosas”, disse.
Palanque
Em
outro momento da coletiva, o governador afirmou que parte da oposição estava
fazendo da morte da menina um palanque político para atacar seu governo e
também o pacote anticrime defendido pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro.
“Não
transformem em palanque político o caixão das vítimas da violência. É indecente
usar um caixão como palanque, principalmente o de uma criança. A oposição está
fazendo um palanque em cima do fato. E como a situação se desbordou, eu preferi
reunir o nosso governo para que nós déssemos uma explicação de estado”,
declarou.
Questionado
sobre a demora em se pronunciar, Witzel que estava reunindo informações, para
se manifestar: “No caso da menina Ágatha eu não estava no momento. Eu estava
acompanhando, recebi a notícia de forma indireta. Eu conversei com o secretário
[de Polícia Civil] Marcos Vinícius, fiz várias ligações para ele. Fiz várias
ligações para o comandante [da Polícia Militar, Rogério] Figueiredo, até que eu
pudesse fazer um juízo de convicção para o momento”. Ambos os secretários
estavam ao lado do governador na coletiva.
Perícia
Na
manhã desta segunda-feira, foi realizada perícia na Kombi que transportava
Ágatha e seu avô, que passava pela comunidade da Fazendinha, quando a menina
foi atingida por disparos.
De
acordo com o delegado Antônio Ricardo, diretor do Departamento Geral de
Homicídios e Proteção à Pessoa (DGHPP), o calibre da bala será anunciado em
breve, após perícia em fragmentos retirados do corpo da menina. Ele disse que
uma reprodução simulada será feita no local, provavelmente ainda nesta semana.
Policiais
militares foram à Delegacia de Homicídios da capital, na Barra da Tijuca, na
tarde desta segunda-feira, para serem ouvidos. Eles integram a UPP da
Fazendinha.