Onze
pessoas foram mortas em um bar localizado no bairro do Guamá, em Belém (PA), na
tarde deste domingo (19). As vítimas da chacina são seis mulheres e cinco
homens que, segundo relatos de testemunhas às autoridades, participavam de uma
comemoração. A maioria das vítimas foi atingida por tiros na cabeça.
Além
dos mortos, uma pessoa baleada está internada e outras que participavam da
festa conseguiram escapar do local. Até o início da madrugada de hoje (20),
nove das 11 vítimas fatais já tinham sido identificadas e, segundo a secretaria
estadual de Segurança Pública, seus corpos estavam sendo liberados para as
famílias.
Até
o momento, foram confirmadoas os nomes das seguintes vítimas: a dona do bar,
Maria Ivanilza Pinheiro Monteiro, 52 anos; Leandro Breno Tavares da Silva, 21
anos; Marcio Rogério Silveira Assunção, 36 anos; Sérgio Dos Santos Oliveira, 31
anos; Tereza Raquel Da Silva Franco, 33 anos; Samira Tavares Cavalcante, 35
anos; Flávia Teles Farias Da Silva, 32; além de Paulo Henrique Passos Ferreira
e Meire Helen Sousa Fonseca, cujas idades não foram divulgadas.
Após
se reunir com o governador Helder Barbalho e titulares dos órgãos de segurança,
o secretário estadual de Segurança Pública e Defesa Social do Pará, Ualame
Machado, prometeu rigor na apuração do crime.
“Nenhuma
linha de investigação será descartada, a fim de responsabilizar os envolvidos,
mas elas permanecerão em sigilo para garantir o andamento seguro da
investigação”, afirmou o secretário, garantindo, embora este tipo de crime
exija rigor na apuração, a Polícia Civil tem condições de esclarecer o crime
rápido e eficazmente.
“Iremos
responsabilizar quem quer que tenha praticado essa atrocidade. Não iremos
recuar. Agiremos com rigor. Esse é o recado que o Estado tem para dar”,
acrescentou Machado.
A
ocorrência mobilizou, inicialmente, 30 viaturas, 20 motocicletas e policiais
civis e militares, além de agentes da Força Nacional de Segurança Pública que
estão atuando em Belém e região metropolitana, em apoio às forças locais.
Agentes do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves (CPCRC) também foram
até a área para coletar indícios dos crimes.
Palco
da chacina, o bar tem autorização para funcionar e realizava uma festa desde a
noite de sábado (18), já tendo, inclusive, motivado inúmeras reclamações de
vizinhos incomodados com o barulho.
Indignação
Nas
redes sociais, o governado Helder Barbalho reforçou o compromisso do governo em
priorizar as investigações necessárias para elucidar as razões do crime e punir
os responsáveis. “Minha solidariedade às famílias. Minha mensagem ao estado é
que não vamos recuar. Se esta iniciativa, este sinistro ocorrido é para
intimidar as ações de segurança pública do governo, esqueçam. Vamos continuar
firmes trabalhando para garantir o direito da população a ter paz, a ter
segurança pública com qualidade. Esta é a orientação, a diretriz e vamos agir
para elucidar este caso”, disse Barbalho, referindo-se à implementação do
chamado projeto Territórios Pela Paz.
Promessa
de campanha de Barbalho, o enfrentamento à violência é apontada como uma das
prioridades do governo estadual. Entre as ações anunciadas, está a instalação
dos primeiros territórios de pacificação que o governo estadual pretende criar
em áreas com elevados índices de criminalidade. Inspirados no projeto de
Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), do Rio de Janeiro, os cinco
primeiros territórios de pacificação funcionarão em Belém; um em
Ananindeua e um em Marituba. Bairro mais populoso de Belém, o Guamá, onde
funcionava o bar palco da chacina, está entre os contemplados pelo projeto que
será implementado com o auxílio da Força Nacional de Segurança Pública.
Em
nota, a seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PA) se disse indignada
com as mortes e exigiu a resolução do caso. Para a ordem, crimes como este
significam “o esfacelamento do Estado do Pará e da sua capacidade de cumprir
sua obrigação de manter a segurança de seres humanos em via pública”.
Na
nota, a entidade destaca que a prática de chacinas e assassinatos coletivos na
periferia não é novidade para o sistema de segurança pública do estadual – a
ponto de já serem tratadas como uma atrocidade banal na região metropolitana de
Belém e em todo o estado.
“A
OAB-PA constata que esta situação é uma prática que só se mantém porque não há
resposta punitiva do Estado do Pará. Exigimos que as últimas vítimas não sejam
novamente invisibilizadas pela sua condição econômica, racial ou social. É
preciso dar um basta à violência que naturaliza assassinatos coletivos como
este. Infelizmente, o descaso com a segurança pública, seus agentes e a
sociedade civil só tem reforçado para o aumento da criminalidade, e por
conseguinte, os altos índices de homicídios sem as devidas resoluções
investigativas."
Agência
Brasil