
Caso
envolve suposto tráfico de influência com Guiné Equatorial
O
Ministério Público Federal (MPF) denunciou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva por lavagem de dinheiro. Também foi alvo da denúncia o controlador do
grupo ARG, Rodolfo Giannetti Geo, acusado ainda de tráfico de influência.
Segundo os procuradores da Operação Lava Jato, Lula recebeu R$ 1 milhão do
empresário, através de uma doação para seu instituto, para influenciar as
decisões do governante da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, em favor do grupo
brasileiro.
A
denúncia está baseada em trocas e-mails envolvendo o
ex-ministro do Desenvolvimento do governo Lula Miguel Jorge, a diretora do
Instituto Lula, Clara Ant, além de Giannetti Geo. As provas foram recolhidas
durante a busca e apreensão realizada na sede do instituto durante a
Operação Aletheia, 24ª fase da Operação Lava Jato, em março de 2016.
Mensagens
Em
um e-mail de 5 de outubro de 2011, Miguel Jorge escreveu
para Clara Ant dizendo que Lula tinha interesse em conversar com Geo sobre os
empreendimentos na Guiné Equatorial e que o empresário estava disposto a fazer
uma “contribuição financeira bastante importante”. O empresário seria mais
tarde o portador de cartas trocadas entre Lula e Obiang, que governa o país
desde 1979.
Na
mensagem enviada pelo ex-presidente brasileiro em maio de 2012, a ARG é
mencionada como “empresa que já desde 2007 se familiarizou com a Guiné
Equatorial, destacando-se na construção de estradas”. Lula diz ainda, no mesmo
texto, que acreditava que o país africano passaria a fazer parte da Comunidade
de Países de Língua Portuguesa (CPLP). De acordo com o MPF, Obiang havia pedido
a Lula para que falasse com a então presidente Dilma Rousseff para facilitar a
inclusão da Guiné na CPLP.
Em
junho de 2016, a AGR fez uma doação de R$ 1 milhão ao Instituto Lula. Segundo
os procuradores, foi o pagamento ao ex-presidente por ter usado sua influência
para obter vantagens para o grupo empresarial. Como Lula, tem mais de 70 anos,
o crime de tráfico de influência prescreveu. No entanto, o registro como doação
é, na denúncia do MPF, uma forma de dissimular o recebimento de recursos de
origem ilegal, configurando assim lavagem de dinheiro.
Defesa
Em
nota divulgada hoje (26), o advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins,
classificou a denúncia como “continuidade a uma perseguição política”. De
acordo com o defensor do ex-presidente, não existem elementos que demonstrem
que Lula tenha cometido qualquer ilegalidade.
“A
acusação foi construída com base na retórica, sem apoio em qualquer conduta
específica praticada pelo ex-Presidente Lula, que sequer teve a oportunidade de
prestar qualquer esclarecimento sobre a versão da denúncia antes do espetáculo
que mais uma vez acompanha uma iniciativa do Ministério Público – aniquilando
as garantias constitucionais da presunção de inocência e do devido processo
legal”, diz o comunicado.
O
advogado disse ainda que espera que a Justiça rejeite a denúncia.
A Agência
Brasil não conseguiu contato com a defesa do empresário Rodolfo
Giannetti Geo.
Agência
Brasil