Devido à seca, alguns municípios sofrem com a falta
de água potável para
consumo humano. Como alternativa, essas cidades apostam no processo de
dessalinização, que ainda é muito complexo e de alto custo. No sertão central
do Ceará, em Quixeramobim, um jovem encontrou um jeito de obter água de
qualidade através de um dessalinizador artesanal. A reportagem é da Rede
Jangadeiro FM.
Samuel
Estéferson,
engenheiro mecânico deQuixeramobim,
abraçou um projeto desafiador: levar ao sertão árido a possibilidade de dispor
de água de melhor qualidade. No quinto ano consecutivo de seca no estado,
algumas localidades precisam se submeter ao uso de água salobra ou salina, mas
a ciência pode transformar essa realidade. Foi com esse propósito que Samuel
desenvolveu um dessalinizador a baixo custo, utilizando materiais reciclados. O
equipamento, segundo ele, é capaz de reduzir substancialmente o sal presente na
água.
“Eu tive essa ideia porque a gente, em
Quixeramobim, estava passando por uma dificuldade muito grande, nossos recursos
hídricos tinham diminuído muito, chegando até a acabar mesmo, a gente teve de
recorrer a caminhões-pipa. O meu avô Samuel fez a perfuração de um poço e teve
muita água, mas era uma água salobra. Comecei a pesquisar.Aqui a maior parte dos poços é de água salobra
ou salina. Como seria resolvido isso? Com dessalinizador“.
O processo de dessalinização retira o
excesso de sal e outros minerais da água ou do solo, através de máquinas, e
transforma em água potável. Em seu experimento, o engenheiro fez testes
utilizando a água do mar, e os resultados foram surpreendentes.
Os resultados foram excelentes, impressionaram até o técnico do
laboratório que fez minha análise. Ele disse que foram resultados excelentes
tanto da água do mar – eu trouxe água do mar de Fortaleza em garrafão de
20 litros – fiz todo um
aparato para fazer esse teste. Tanto a água do mar como a água do poço
conseguiu atingir o patamar físico-químico exigido pela portaria 2914 do
Ministério da Saúde. Então é uma água de qualidade”.
Segundo o engenheiro, existem diversas
técnicas para a dessalinização da água. Após testes, a mais eficaz, segundo
ele, foi a osmose reversa, muito utilizada em países do Oriente Médio para
dessalinizar a água, mas ainda pouco difundida no Brasil. Antes, ele testou
técnicas como compressão a vapor, destilação por congelamento e uso de destilador
solar.
Um dessalinizador no mercado custa
entre R$ 15 mil e R$ 20 mil. O protótipo produzido por Samuel ainda está em
fase de testes, mas os custos se apresentaram até 50% mais acessíveis do que os
valores de mercado.
Fonte: Tribuna do Ceará