Ao tomar conhecimento do conteúdo, já esperado, do relatório do senador
Antonio Anastasia (PSDB-MG), recomendando a aprovação da admissibilidade do
processo de impeachment, a presidente Dilma Rousseff lamentou a “ingratidão” do
tucano. Segundo interlocutores, a presidente fez um breve comentário sobre o
tucano, julgando que ele teria sido “ingrato” pela relação republicana que
sempre manteve com ele, quando Anastasia foi governador de Minas Gerais, entre
2010 e 2014. Em tom de desabafo, Dilma afirmou que Minas teve “muita ajuda do
governo federal” no governo tucano.
O clima no Palácio do Planalto era de
absoluta normalidade. Não havia expectativas com a leitura do relatório do
processo de impeachment no Senado e nem em relação ao voto do senador Antonio
Anastasia (PSDB-MG), pedindo a abertura do processo de afastamento da
presidente. De acordo com interlocutores da presidente Dilma, não houve
orientação para que o voto – que durou cerca de três horas – fosse acompanhado
atentamente e pouco se comentou após a decisão do tucano. “Já era mais do que
esperado. Era tão esperado que ninguém nem assistiu”, disse um assessor
palaciano.
A estratégia para os próximos passos,
com a já esperada aprovação da admissibilidade do processo de impeachment no
Senado, seguida do seu afastamento, deverá ser discutida na noite desta
quarta-feira, no Palácio do Alvorada, em reunião entre a presidente Dilma, o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os seus ministros mais próximos. Na
ocasião, eles querem analisar o relatório de Anastasia, e o que o advogado da
União, José Eduardo Cardozo, deverá enfatizar na defesa de Dilma que deverá
fazer novamente no Senado. Nas conversas desta noite, também estão na pauta a
defesa do pedido de investigação ao Supremo Tribunal Federal, pelo procurador Geral
da República, Rodrigo Janot, que pediu abertura de inquérito para investigar
não só Dilma, mas também Lula e Cardozo. Eles são acusados de tentativa de
obstrução das investigações da Lava Jato.
Fonte: Ceará Agora













