Os olhos do mundo estão no Brasil. Desde o domingo
(17), os veículos internacionais destacam a votação ocorrida na Câmara, e que
pode definir o futuro político de Dilma Rousseff.
Seja em veículos dos EUA, da Europa ou da América
Latina, independente de textos mais analíticos ou opinativos, todos eles, de
alguma forma, destacam o "circo" que foi a votação por aqui, com
direito a chuva de confetes e muitas, mas muitas mesmo, menções a Deus. Segundo
relato de uma correspondente da Folha de S.Paulo baseada na Argentina, a piada
por lá é que o congresso dos hermanos parece nórdico, se comparado a tudo o que
aconteceu por aqui.
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A rede americana CNN traz um texto bastante explicativo,
onde descreve cada passo do processo a partir da aprovação ocorrida no domingo.
No entanto, afirma que independente do que aconteça, o processo não será
tranquilo."
Apoiadores de Rousseff prometeram tomar as ruas em
retaliação, garantindo uma longa - e talvez confusa - batalha daqui em
diante".
Já no britânico Guardian, a derrota do governo na
Câmara - classificada pelo veículo como "corrupta e manchada de
corrupção" ocupa lugar de destaque na página principal do veículo, que
descreve, metaforicamente, a noite de ontem como "uma noite escura".
"A sessão expôs o lado farsante da democracia
Brasileira, como o Partido da Mulher Brasileira (PMB), que só tem deputados
homens, ou o Partido Progressista (PP), que é um dos grupos mais de direita no
Congresso".
A derrota de Dilma também é o primeiro assunto na
homepage do New York Times, que traz um texto mais analítico, onde tenta
responder a pergunta se o afastamento da mandatária configura ou não um golpe.
"Ainda que advogados e e analistas políticos
estejam divididos, muitos expressam preocupação com a base legal do processo de
impeachment", afirmam os correspondentes do jornal, que destacam o quão
jovem é a democracia brasileira.
O Washington Post se limitou a ser mais descritivo,
mas não deixou de apontar momentos surreais da votação, como o momento
carnavalesco em que confetes voaram pela Câmara dos Deputados.
O argentino Clarín, que também traz a derrota do
governo em sua manchete, se dedicou a fazer um perfil tanto do vice-presidente
Michel Temer, quanto do presidente da Câmara, Eduardo Cunha: "Economista e
evangélico, Cunha se move com habilidade pela complexa, e no momento sórdida,
estrutura política do seu país".
Ainda na América Latina, o chileno Diario de La
Nación dá o recado no título: "Em nome de Deus e do povo brasileiro,
começa a sessão que decide o impeachment contra Rousseff".
Na reportagem em que fala sobre a divisão política
do Brasil, o El Universal, da Venezuela, diz que era possível sentir o país
dividido nas ruas, principalmente em Brasília, onde foi instalado o "muro
do impeachment".
Na análise de Antonio Jimenez Barca, do El País, o
que aconteceu ontem pode ser um "empurrão definitivo para que Dilma deixe
a presidência do Brasil pela porta detrás da história".
Fonte: Exame