Montando os Atos Institucionais e a
lista de cassações, Costa e Silva chamou o Ministro da Fazenda Delfim
Netto e indagou o que ocorreria se incluísse na lista o banqueiro Walther
Moreira Salles.
Delfim disse que
nada demais. Haveria problemas com os bancos nova-iorquinos e europeus, sem dúvida.
Também com a mídia norte-americana, já que Moreira Salles era amigo pessoal dos
donos da CBS, do New York Times e do Washington Post. Fora isso, nada demais.
***
A mesma coisa se
sair o impeachment de Dilma. Pouca coisa mudará, com exceção das
seguintes:
* Do lado esquerdo,
movimentos sociais, sindicatos e estudantes sairão às ruas protestando.
Do lado direito, sairão os grupos vociferantes que dominaram as ruas nas
últimas manifestações. Entre ambos, os inevitáveis black blocs e baderneiros em
geral.
* Para manter a
ordem, governos estaduais darão um liberou geral para suas Polícias
Militares. Dado o grau de exacerbação produzido pelo impeachment, as
pancadarias de Curitiba parecerão bailes de debutantes perto do novo quadro.
* A bandeira da
anticorrupção será levantada em todos os rincões do país e se
transformará em palavra de ordem. De nada adiantará Aécio Neves prometer
blindagem para os políticos peemedebistas citados na Lava Jato. Depois
que Sérgio Moro provou o poder de um juiz de Primeira Instância – prendendo sem
motivo aparente o presidente do maior grupo nacional – o exemplo se espalhará
pelo país. Bastará o casamento de um juiz de primeira instância justiceiro com
um procurador vingador para os mais poderosos se abalarem e os menos poderosos
serem varridos do mapa.
* Haverá uma
caça às bruxas na qual grupos de extrema direita, a exemplo do antigo CCC
(Comando de Caça aos Comunistas), sairão a campo para denunciar, prender e
agredir os recalcitrantes. A enxurrada levará não apenas militantes petistas,
mas quem ousar investir contra a onda.
* Do outro lado, o
sentimento de indignação e impotência poderá levar a atitudes radicais,
como as que produziu o AI-5.
* Lula não
poderá sair sem escolta nas ruas. Mas Fernando Henrique Cardoso também não. O
sentimento de ódio prevalecerá em todas as instâncias.
·
Em pouco tempo, os novos vitoriosos estarão
se digladiando pelo botim. Eduardo Cunha e Renan Calheiros brandirão o tacape
do controle das bancadas. E os jornais junto com o PSDB tentarão carrear
a vaga do denuncismo para o lado deles.
* Pouco importa se a
guerra quebrar grandes grupos, produzir estragos nos pequenos e médios,
ampliar o desemprego e o descontrole. O que importa é o poder.
* Quando o grau de
fervura estiver insuportável, serão convocadas as Forças Armadas, para
colocar um mínimo de ordem no caos produzido pela elite política. Dependendo do
grau de conflitos, há a possibilidade de se invocar a Lei de Segurança
Nacional, com desdobramentos sobre a mídia e sobre as redes sociais. E, se a
bandeira anticorrupção estiver a pleno vapor ainda, não faltarão motivos para
estender a longa mão de Moro sobre outros presidenciáveis e outros partidos.
Fora isso, nada
demais ocorreria em caso de impeachment.
Daí porque o
maior risco não é a possibilidade de um impeachment. Mas de Dilma jogar a
toalha.
Fonte:
Luis
Nassif Online.