A Operação Lava Jato tem um desafio à altura do
professor de simbologia Robert Langdon, que é o protagonista de todos os
romances de Dan Brown, como o célebre Código da Vinci: trata-se de desvendar o
chamado "Código Odebrecht".
Isso porque o empresário
Marcelo Bahia Odebrecht, presidente da construtora, fez dezenas de anotações em
seus celulares, com nomes de vários políticos. Citou, por exemplo, GA, numa
referência a Geraldo Alckmin, JS, que pode ser José Serra, mas também MT, que
seria Michel Temer, e JW, numa indicação a Jaques Wagner.
Numa das mensagens mais
intrigantes, Marcelo Odebrecht escreveu "Armadilha Bisol/contra-infos. RA?
EA/Veja?".
Bisol é, sem sombra de dúvida,
o ex-senador João Paulo Bisol, do PSB, que, em 1994, atuou na chamada CPI dos
"Anões do Orçamento". Naquela época, quando foram apreendidas 18
caixas de documentos na residência de um ex-diretor da Odebrecht, a CPI julgava
ter em mãos todo o mapa nacional da corrupção, que seria liderada pela Odebrecht.
"Não é um poder paralelo. É superior. O Estado brasileiro é instrumento
nas mãos desse poder", disse Bisol, referindo-se à Odebrecht.
Não se sabe ao certo o que
seria a "armadilha Bisol", mas, naquela época, o empresário Emílio
Odebrecht agiu em duas frentes. Concedeu entrevistas, acusando Bisol, e também
fez vazar listas que poderiam atingir mais de 200 parlamentares – assim, por
instinto de preservação dos parlamentares, a CPI foi enterrada. Bisol chegou a
se dizer ameaçado de morte, mas, aos poucos, a CPI começou a ser esquecida até
pelos meios de comunicação.
Nas mensagens de Marcelo,
filho de Emílio, chamam a atenção sua preocupação com a imagem e com as
relações com a imprensa. Depois de escrever "contra-infos", numa
referência a um possível jogo de contra-informações, ele anota "RA" e
"EA/Veja". EA são as iniciais do jornalista Eurípedes Alcântara,
diretor de Redação de Veja. RA são as iniciais do blogueiro Reinaldo Azevedo,
que acentuou suas críticas à Operação Lava Jato após a prisão de Marcelo
Odebrecht, mas também de Rogério Araújo, um diretor da empresa que está preso
em Curitiba.
Marcelo também faz referências
à empresa de assessoria de imprensa CDN, do empresário João Rodarte. Em
seguida, fala de uma suposta "tática Noboa", que seria discutida
também com o publicitário Nizan Guanaes, um dos acionistas da CDN.
Recentemente, o único Noboa que esteve envolvido em escândalos foi o magnata
equatoriano Álvaro Noboa, produtor de bananas, na América Central, que foi
apontado como dono de uma conta secreta numa conta do HSBC na Suíça, com US$
92,1 milhões. Questionado sobre o dinheiro, Noboa disse que esqueceu os
recursos num hotel e que a quantia, usada para suas despesas pessoais na Suíça,
foi depositada numa conta aberta por terceiros em seu nome.
Confira, aqui, o relatório da Polícia Federal sobre
o indiciamento de Marcelo Odebrecht, e, aqui, todas as mensagens apreendidas no
celular do empresário.
Fonte:
Brasil 247.













