Filho do presidente do Tribunal de Contas da União (TCU),
Aroldo Cedraz, o advogado Tiago Cedraz foi citado em depoimento de delação
premiada do dono da UTC Participações, Ricardo Pessoa. Conforme o empresário,
Tiago receberia pagamentos de R$ 50 mil mensais para repassar à empreiteira
informações do tribunal que envolvessem seus interesses.
Tiago também teria sido contratado
pela UTC para atuar num caso sobre a Usina de Angra 3, que discutia licitação
para obras de R$ 2 bilhões. Por esse caso, o escritório dele teria negociado
pagamento de R$ 1 milhão. A empreiteira e outras empresas investigadas na Lava
Jato integravam o Consórcio Una 3, interessado no contrato.
A fase de pré-qualificação da
licitação foi suspensa temporariamente pelo TCU, após representação de um dos
concorrentes. A decisão foi do relator, ministro Raimundo Carreiro, atual
corregedor e vice-presidente da corte. Em 2012, no julgamento de mérito, embora
a área técnica do tribunal recomendasse que a pré-qualificação fosse anulada
definitivamente por causa de irregularidades no edital, Carreiro votou pela
continuidade.
Essa medida interessava à UTC, já
que seus concorrentes na licitação foram tirados do páreo. Carreiro foi
acompanhado em seu voto pelos demais ministros presentes ao julgamento. Na
ocasião, Aroldo Cedraz estava no plenário, mas alegou impedimento, como faz nos
casos em que o escritório do filho atua.
O nome de Tiago já foi citado na
Operação Lava Jato pelo policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho,
informante do doleiro Alberto Youssef, um dos principais delatores do esquema
de corrupção na Petrobrás. Oliveira afirmou em depoimento que levou “dinheiro
do Youssef” algumas vezes no escritório do advogado, no Lago Sul, em Brasília.
COM A PALAVRA, O ESCRITÓRIO
CEDRAZ ADVOGADOS
Em nota, o escritório Cedraz Advogados, de Tiago, informou
que “nunca patrocinou nenhum caso do Grupo UTC perante o Tribunal de Contas da
União” e que “processará o sr. Ricardo Pessoa, civil e criminalmente, pelas
mentiras lançadas no bojo de uma delação premiada forjada para atenuar ilícitos
confessados”.
O escritório confirmou que
trabalhou para o Consórcio Una 3, mas fora do TCU. A nota não traz mais
detalhes sobre a atuação, alegando “confidencialidade cliente/advogado”.
O escritório Cedraz Advogados
informou também que “sempre pauta sua atuação pelo rigoroso cumprimento da
legislação vigente, resultando inclusive na observância dos devidos
impedimentos”, e que coloca-se à disposição das autoridades para fornecer as
informações necessárias à correta compreensão dos fatos”.
Fonte: Diário do Centro
do Mundo.