O
papa Francisco e o presidente da Autoridade Palestina conversaram durante 20
minutos num clima amistoso, segundo um jornalista da AFP que acompanhou a
visita de Abbas ao Vaticano.
Neste domingo, duas religiosas palestinas serão canonizadas
pelo papa, se transformando nas primeiras santas palestinas da história
contemporânea. O ato acontece no momento em que a Santa Sé passa a reconhecer o
Estado palestino, a exemplo de 136 países.
Mariam
Bawardi era uma irmã carmelita dedicada à abertura de novos conventos e
conhecida pelos dons místicos. Ela morreu em 1878. Já Maria Alfonsina Ghattas,
falecida em 1927, ajudava idosos, pobres e crianças. As duas religiosas
nasceram na Palestina durante a ocupação otomana, e se tornarão Santa Maria de
Jesus Crucificado e Santa Maria Alfonsina.
As canonizações vão coroar um momento de especial aproximação
entre a Igreja Católica e os palestinos. Depois de 15 anos de negociações, o
Vaticano e a Palestina estão próximos de assinar um acordo sobre os direitos
dos católicos nos territórios palestinos. O reconhecimento do Estado da
Palestina pela Santa Sé também será formalizado, uma postura que o papa
Francisco já adotava na prática. Há dois anos, o Vaticano segue a recomendação
da ONU, que admitiu a Palestina como um “estado observador” em novembro de
2012.
Paralelamente, a Santa Sé também negocia com Israel, desde
1999, um acordo sobre os direitos jurídicos e econômicos das congregações
católicas no estado judaico, em particular isenções fiscais. Porém, os
encontros semestrais entre diplomatas do Vaticano e do estado hebreu têm
resultado em fracasso.
O Vaticano enfrenta um delicado exercício de diplomacia em
relação a Israel e à Palestina, uma vez que existem cristãos e locais sagrados
para o cristianismo dos dois lados da fronteira. A Santa Sé tenta não ofender
Israel, para evitar críticas sobre o papel da Igreja diante dos movimentos
antissemitas que marcam a história da Europa. Por outro lado, milita por uma
solução ao conflito regional baseada em dois estados, com um status especial
para Jerusalém como sede das três grandes religiões monoteístas − judaísmo,
cristianismo e islamismo −, além de defender os direitos dos palestinos na
Cisjordânia e na Faixa de Gaza.
Fonte: Diário do Centro do Mundo.