O primeiro-ministro
da China, Li Keqiang, acompanhado de 150 empresários,
visitará o Brasil na próxima semana. A expectativa do governo brasileiro é
assinar um protocolo sanitário que deve agilizar a liberação das exportações de
carne bovina do Brasil para o país asiático.
O documento
oficializará o anúncio de fim do embargo chinês à carne
brasileira, anunciado em julho do ano passado pelo presidente Xi Jinping. Para
retomar as vendas, o Brasil precisa ir além do aval formal e fazer um trabalho
de reposicionamento no mercado chinês.
Com isso em vista, o governo e o setor
privado brasileiro articulam, para menos de um mês após a visita de Li Keqiang,
uma missão para promover as carnes bovina, suína e de frango na China. A viagem
é organizada pela Agência Brasileira de Promoção às Exportações e Investimentos
(Apex), em parceria com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de
Carne (Abiec) e a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
A gerente de Estratégia de Mercado da Apex,
Ana Paula Repezza, explicou que o objetivo é criar demanda para a carne
brasileira. “A finalidade é uma geração de demanda e reposicionamento de carne
no mercado chinês. Em alguns casos, há uma percepção negativa da carne
brasileira, pois saíram notícias informando que ela entrava sem fiscalização,
de forma irregular”, explicou Ana Paula.
De acordo com a
gerente, com a abertura do mercado chinês, a expectativa é que o valor em
vendas alcance pelo menos patamar próximo a US$ 1 bilhão. Ana Paula explicou
que tem como base o montante exportado para Hong Kong.
Para frangos e suínos, o governo tem a
expectativa de elevar em 20% as vendas. O presidente da Abiec, Antônio
Camardelli, prefere não fazer previsão de valor das exportações de carne bovina
com a liberação. “A gente ainda não sabe a quantidade de plantas [frigoríficos]
que serão liberadas, se aquelas nove iniciais ou mais”. A referência de
Camardelli são os frigoríficos habilitados durante o anúncio do fim do embargo,
em julho de 2014.
A China embargou a carne bovina do Brasil em
2012, em razão da descoberta, em território brasileiro, de um caso atípico de
encefalopatia espongiforme bovina (EEB), a doença da vaca louca. Na ocasião, o
Brasil havia conseguido entrar há pouco tempo no "restrito e
burocrático" mercado chinês. “É um mercado que retorna, que foi embora
quando estávamos começando a entendê-lo”, destacou Camardelli. Segundo ele, o
Brasil precisa fazer novo esforço para compreender os chineses.
O presidente da Abiec acrescentou que o
trabalho para reconquistar espaço será intensificado com a liberação formal das
vendas de carne. “Semana retrasada, estivemos na Sial [feira de bebidas,
alimentos e hotelaria de Xangai] trocando experiências. Tínhamos interesse
nessa feira, porque, além de iniciar uma interlocução, começamos a trabalhar
com conceitos de aceitabilidade. Vamos avaliar a necessidade de montar um
escritório [da Abiec] na China”, disse Antônio Camardelli.
De acordo com o presidente da Abiec, a China
será um grande parceiro comercial e a reabertura do seu mercado à carne
brasileira é “um presente de Natal antecipado”.
Fonte:
Jornal do Brasil.