Milionários
brasileiros utilizaram 97 contas no banco HSBC da Suíça, segundo registros de
2006 e 2007, e fizeram uso de 68 empresas conhecidas como “offshores” para
movimentar os seus recursos.
Essas companhias ficam em paraísos fiscais, como Panamá e
Ilhas Virgens Britânicas, no Caribe. São usadas principalmente por quem quer
pagar menos impostos. Se o envio e depósito dos valores em offshores e a volta
dos recursos ao país de origem forem declarados, não há ilegalidade. Essas
empresas, porém, podem servir a propósitos ilícitos, como ajudar a camuflar
dinheiro sem origem comprovada.
Levantamento feito pelo UOL e pelo jornal o “Globo” entre os
brasileiros ligados a contas no HSBC da Suíça encontrou 38 pessoas divididas em
14 grupos (de integrantes da mesma família ou sócios), que compartilhavam as
mesmas operações financeiras, vinculados a contas com saldo acima de US$ 50
milhões.
Somadas, essas contas registravam um depósito máximo de cerca
de US$ 2 bilhões em 2006 e 2007, período ao qual os dados se referem. Esse
valor representa mais de um quarto dos US$ 7 bilhões vinculados a pessoas
relacionadas ao Brasil na filial do HSBC em Genebra. Foram usadas 68 offshores
para movimentar esses recursos.
A discrição é uma das principais características desse tipo
de empresa. É praticamente impossível localizar qualquer rastro consistente de
informação. Nas planilhas do HSBC, as offshores se caracterizam por nomes
curiosos como Spring Moonlight, Blue Green Pine, Demopolis e Coast to Coast.
Como os arquivos completos do banco vazaram, é possível saber, de maneira
inédita na história financeira mundial, quem exatamente era dono de qual
empresa.
As offshores servem para que empresários protejam seu
patrimônio pessoal de turbulências financeiras em seus países e dão aos investidores
o benefício de pagar impostos mais baixos quando obtêm lucros. Essa vantagem se
dilui quando os recursos são devidamente declarados ao Fisco do país de origem,
que cobra sobre os ganhos, não importando onde foram obtidos.
Os brasileiros que apareciam com saldos acima de US$ 50
milhões em contas ligadas a offshores localizados pelo UOL e o “Globo” não
quiseram comentar a relação com essas empresas, nem dar detalhes sobre sua
utilidade.
Eis a lista dos 14 grupos de pessoas vinculados a contas com
saldo acima de US$ 50 milhões nos arquivos do SwissLeaks:
Fonte: Diário do Centro do Mundo.