Algum tempo
atrás escrevi sobre o PIB. O Perfeito Idiota Brasileiro.
Ele ia para o trabalho ouvindo a CBN e antes de dormir via o
Jornal da Globo. Nos intervalos, lia Merval, Reinaldo Azevedo e Villa. Tinha
por ídolo Joaquim Barbosa.
E agora, nestes trepidantes dias de 2015, o que faz o nosso
PIB?
Bem, as leituras se ampliaram, dada a oferta de colunistas
dedicados a pessoas como ele.
Agora, pela manhã, a caminho do serviço, ele alterna a CBN
com a Jovem Pan. Gosta de ouvir Sheherazade. Que sua mulher jamais saiba, mas
às vezes tem sonhos eróticos com Sheherazade.
Aquela voz, aqueles cabelos. Será que ela
faria um daqueles comentários durante o sexo? …
Na Jovem Pan o
PIB também aprecia os comentários de Marco Antônio Villa.
Um cabeça.
Numa
entrevista com Haddad, Villa massacrou-o. Provou que o futuro pertence aos
carros, e não às bicicletas.
Londres, Paris, Nova York, Copenhague, Amsterdã, todas elas
estão na contramão da história. Investem em ciclovias.
“Villa poderia dar consultoria a elas”, pensou PIB depois de
ouvir Villa enquadrar Haddad.
Também aumentou o número de gênios que ajudam PIB a formar
sua opinião. Ele agora sempre passa os olhos pelo blog de Constantino, da Veja.
A expressão “esquerda caviar” é uma inspiração divina, pensa
PIB. Para ele, um sinal dos problemas atuais da humanidade é que o mundo dá
atenção a economistas como Piketty e ignora sábios como Constantino.
PIB leu que Constantino, a bordo de uma bolsa-esposa, foi
para Miami. “É a chance de os americanos descobrirem seu talento”, deduz PIB.
Rapidamente, prevê PIB, o livro de Constantino sobre a
esquerda caviar será traduzido em inglês. Piketty será reduzido a nada, na
comparação.
Caviar Left.…
Com
a publicação do livro, Constantino chamará a atenção da presidência americana.
Poderá ser um conselheiro econômico da Casa Branca.
Por que não um Nobel?
Na
verdade o Brasil já merecia um Nobel faz tempo por realizações literárias. Como
os suecos puderam ignorar o livro de Ali Kamel que diz que não somos racistas?
E além do mais é um livro fininho …
O
debate sobre o racismo contemporâneo foi reescrito ali. Os brancos é que são
vítimas de preconceito no Brasil. Os brancos e os héteros.
Até quando vamos ter que suportar a ditadura
gayzista?
Nas
noites de segunda, Roda Viva é obrigatório. Augusto Nunes, o Brad Pitt de
Taquaritinga, é maravilhoso.
Faz perguntas sensacionais. Perguntou a Lobão, por exemplo, o
que ele achava da Dilma. Como alguém pode fazer uma pergunta tão profunda e tão
surpreendente?
PIB ri também com os artigos de Augusto Nunes da Veja.
Compartilha todos. Finalmente alguém para falar das bebedeiras de Lula, pensou
PIB.
Claro que, para falar naquele tom, Augusto Nunes tem que ser
um homem que jamais passou do primeiro copo de cerveja.
Em Taquaritinga os pais devem ser muito
rigorosos ao ensinar a seus filhos os males da bebida …
PIB
ouviu falar também de um novo site, o Antagonista. O editor é tão modesto que,
quando trabalhava na Veja, transformou uma edição especial sobre seu romance
numa simples reportagem de meia dúzia de páginas.
Poderia ter colocado seu livro na primeira posição dos mais
vendidos, mas preferiu pô-lo, singelamente, apenas entre os dez mais.
Tenho que ler … O nome é brilhante. Antagonistas por causa de
antas. O outro editor escreveu um livro sobre antas, e então uma coisa puxou a
outra. Não ficou nenhuma ponta solta.
Todas as
noites, uma passagem por Gentilli é obrigatória.
Nasceu para fazer rir.
PIB
gostava, particularmente, da maneira como Gentilli lidou com um negro que
reclamou de piadas racistas. Ofereceu bananas.
Como ele pode ter tanta inspiração?
O
respeito de PIB pela Justiça brasileira cresceu ainda mais depois que um juiz
considerou que não havia racismo nas bananas oferecidas por Gentilli.
Temos que acabar com a ditadura do
politicamente correto.
Nas
últimas semanas, a vida de PIB tem sido particularmente agitada. No dia 15 de
março, vestiu a camisa da seleção e foi para a Paulista.
Um pouco de vaidade não faz mal a ninguém, e então PIB pintou
o rosto de verde e amarelo.
Boas chances de chamar a atenção da imprensa. Só que não
havia imprensa. Alguém falou que os jornalistas estavam com medo de apanhar,
mas PIB não acreditou.
Viu vários filmes em que jornalistas cobriam guerra como se
cobrissem concursos de receitas de pudim.
Herois.
Quis
ser original na placa que carregaria. E então escreveu: “Fora Foro de São
Paulo.” Não tinha a menor ideia sobre o que era o Foro de São Paulo, mas
Constantino falava disso o tempo todo, e então sua frase era oportuna.
PIB cantou o hino na Paulista. Quer dizer, fez que cantou.
Ninguém é perfeito, e PIB fazia tempo que esquecera a letra.
Voltou para casa cheio de amor pelo Brasil e pelos colunistas
que o faziam ser quem era, um PIB.
Estava cansado à noite, mas ainda tinha pela frente as
panelas. Jamais imaginara que bater panelas pudesse ser tão excitante.
Hmmm … o que é isso?
Isso era uma ereção cívica.
PIB, depois de muito tempo, solicitou a mulher à noite para
algo além de um prato de comida.
Na cama, consumado o sexo, PIB se sentiu o rei do mundo. E
gritou isso, não em português, que seria muito clichê, mas em inglês, como em
Titanic.
Sua mulher não entendeu nada, mas fazia tempo que ela
desistira de compreender o marido.
Nem banho ele foi tomar.
Dormiu direto, aquele sono límpido, majestoso, inviolável
típico do Perfeito Idiota Brasileiro.
Fonte:
Diário
do Centro do Mundo.