Um dos alvos da Operação Lava
Jato, a construtora Camargo Corrêa, que teve diretores presos em novembro do
ano passado acusados de pagar propina a funcionários da Petrobras, sente na
pele – ou no bolso – os resultados da investigação. A companhia demitiu nessa
semana pelo menos metade dos funcionários de seu prédio administrativo como uma
das medidas para cortar gastos.
Em carta enviada aos
trabalhadores no último dia 10, segundo reportagem do jornal O Estado de S.
Paulo, o presidente interino, Carlos Roberto Ogeda, justifica aos
trabalhadores, sem mencionar a Lava Jato, que precisa adequar a empresa à nova
realidade de receitas. Além das demissões, a companhia negocia pagamentos com
fornecedores e desiste de uma lista de projetos considerados não prioritários.
Em novembro do ano passado,
quando foi deflagrada a sétima fase da Lava Jato, três dirigentes da Camargo
Corrêa – o presidente Dalton dos Santos Avancini; o presidente do Conselho de
Administração, João Ricardo Auler; e o vice-presidente da empresa Eduardo
Hermelino Leite – se entregaram à Polícia Federal em São Paulo. Eles são
acusados de pagar propina a funcionários da Petrobras.
A investigação resultou em
centenas de outras demissões, como no Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de
Janeiro), onde 500 funcionários da empresa Alumini, antiga Alusa, foram
cortados desde novembro, sem receber todos os direitos. Nessa semana, eles
fecharam a ponte Rio-Niterói em protesto contra as demissões e contra o atraso
de pagamentos a outros 2.500 empregados.
Também por conta da Operação
Lava Jato, a Alumini passa por dificuldades financeiras. A obra do Comperj,
alvo de denúncias de favorecimento de empreiteiras e superfaturamento de
contratos, diminuiu o ritmo e sofreu cortes de pagamentos a fornecedores e
prestadores de serviços.
Enquanto ocorria a manifestação
no Rio, segundo o sindicato da categoria, outros 600 foram demitidos, desta vez
do consórcio Tubovias, que tem a Andrade Gutierrez e a GDK como integrantes. De
acordo com a entidade, desde a semana passada, cerca de 4.100 pessoas foram
demitidas do Comperj.
Fonte: Brasil 247.