Só na capital francesa entre 1,3 a 1,5 milhão,
segundo estimativas dos organizadores, se reuniram nos arredores da Place de La
République (Praça da República), ponto de partida da manifestação, para pedir
maior união e defender a liberdade de expressão.
Alguns
comentaristas afirmaram que a última vez que os parisienses saíram massivamente
às ruas foi em 1944, para comemorar a libertação da cidade do domínio da
Alemanha nazista.
Marchas também
foram realizadas em outras importantes cidades da França, como Lyon, Marselha,
Bordeaux e Grenoble.
Em Beaucaire,
reduto eleitoral de Marine Le Pen, líder do partido de extrema direita Front
National, cerca de 1 mil pessoas percorreram a principal avenida da cidade
gritando "Marine! Marine". Le Pen havia pedido a seus correligionários
que boicotassem a marcha de Paris.
Já em Paris,
cerca de 40 líderes mundiais deram os braços e caminharam junto à multidão,
entre eles o presidente da França, François Hollande, o premiê britânico, David
Cameron, a chanceler alemã, Angela Merkel, o premiê italiano, Matteo Renzi, o
premiê espanhol, Mariano Rajoy, o presidente do Mali, Ibrahim Boubacar Keita, e
até os inimigos de longa data Binyamin Netanyahu, premiê israelense, e Mahmoud
Abbas, presidente da Autoridade Palestina.
O ato foi interpretado
como uma declaração contra o terrorismo e de apoio à liberdade e à democracia.
O percurso oficial da marcha tinha cerca de três
quilômetros de extensão, que foram percorridos por duas rotas diferentes em
avenidas centrais de Paris.
A marcha teve início por volta
das 15h30 locais (13h30 de Brasília).
Parentes das 17
vítimas dos atentados caminharam à frente da multidão, junto com políticos e
chefes de Estado e de governo.
Por razão de
segurança, os líderes mundiais não participarão de toda a marcha, mas apenas em
um trecho específico, onde podem ser protegidos pelas forças de segurança.
Mais de 2 mil policiais e
1.350 militares trabalharam na segurança da marcha.
A alta mobilização das forças de segurança já
era evidente nas ruas de Paris desde as primeiras horas da manhã.
Dezenas de atiradores de elite
vigiaram o centro da capital francesa do alto de telhados.
Porém, em geral,
o clima entre os participantes não foi de medo de mais atentados, mas de
animação, segundo correspondentes da BBC presentes no evento.
Apesar de
temperaturas de cerca de 10 graus Celsius, a multidão começou a se reunir desde
cedo na Place de la République (Praça da República) no centro de Paris.
Algumas pessoas vieram até de países vizinhos.
As passagens de trens internacionais tiveram seus preços reduzidos para atrair
participantes de cidades como Amsterdã (Holanda), Colônia (Alemanha) e Bruxelas
(Bélgica).
O
slogan "Je suis Charlie" (Eu sou Charlie), que foi amplamente
difundido nas redes sociais após o atentado contra a revista satírica Charlie Hebdo na
quarta-feira, pôde ser vista em faixas cartazes e camisetas na manifestação,
segundo o correspondente da BBC Patrick Jackson.
"Há muitas bandeiras
também, grandes e com as cores da França", afirmou.
Diversas vezes, a
multidão cantou o hino francês ou deu início a ondas de aplausos de forma
espontânea.
Muitos afirmaram
que decidiram sair de suas casas e participar da grande manifestação para
mostrar "união" e defender "a liberdade de expressão".
"Foi sério (em alusão aos ataques), foi uma
ataque à nossa liberdade, não podemos permitir isso", afirmou o francês
Laurent, que levou duas horas junto da mulher, Isabelle, e da filha, Coline,
para percorrer dois quilômetros.
"Tínhamos de sair às ruas
e mostrar que não estamos com medo", acrescenta Isabelle.
Em outras cidades
do mundo, milhares de pessoas também saíram às ruas para apoiar os franceses.
Houve atos em Londres, Madri, Cairo, Sydney e Tóquio. Na Bélgica, a marcha
reuniu mais de 10 mil pessoas em Bruxelas.
Nos arredores de
Paris, segundo a agência de notícias AFP, outras 1 milhão de pessoas também
participaram de marchas contra o terrorismo.
Durante todo o
trajeto, a multidão aplaudiu policiais e atiradores de elite que se
posicionavam no topo dos prédios.
O fato chamou atenção da
correspondente da BBC Luci Bonow, que está no evento.
"Vans de
polícia acabam de chegar à Place de la République e são aplaudidas. Nunca vi
isso em uma manifestação ou em um protesto", disse ela.
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Fonte: BBC Brasil.