A ex-prefeita e ex-ministra
Marta Suplicy dinamitou de vez suas pontes com o PT. Em entrevista à jornalista
Eliane Cantanhêde (leiaaqui a
íntegra), ela criticou a presidente Dilma Rousseff, o presidente da legenda Rui
Falcão, o ministro Aloizio Mercadante e até mesmo o ex-presidente Lula, que não
teria tido coragem de se impor em 2014.
Marta conta que, em meados de
2013, começou a organizar o movimento 'Volta, Lula', num jantar em sua casa,
com figurões do empresariado. "Eles
fizeram muitas críticas à política econômica e ao jeito da presidente. E ele
não se fez de rogado, entrou nas críticas, disse que era isso mesmo. Naquele
jeito do Lula, né? Quando o jantar acabou, todos estavam satisfeitíssimos com
ele", disse ela.
Segundo a ex-prefeita, Lula
criticava Dilma abertamente. "Ninguém falou claramente,
mas todo mundo saiu dali com a convicção de que ele era, sim, o candidato. Nunca
admitiu, mas decepava ela: 'Não ouve, não adianta falar'", diz Marta. Ela
afirma, ainda, que ele não teve disposição de enfrentar a presidente Dilma. "Ele
é um grande estadista, mas não quis enfrentar a Dilma. Pode ser da
personalidade dele não ir para um enfrentamento direto, ou porque achou que
geraria uma tal disputa que os dois iriam perder."
Marta também defendeu a
autonomia da equipe econômica, mas se mostrou descrente. "Vai
depender de a Dilma respeitar a independência da equipe. Se não respeitar, vai
ser desastroso. Agora, é preciso ter humildade e a forma de reconhecer os erros
a esta altura é deixar a equipe trabalhar. Mas ela não reconheceu na campanha,
não reconheceu no discurso de posse. Como que ela pode fazer agora?"
"Inimigo" e
"traidor"
Os piores adjetivos foram
reservados para o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e para o
presidente do PT, Rui Falcão. "O
Mercadante é inimigo, o Rui traiu o partido e o projeto do PT, e o partido se
acovardou ao recusar um debate sobre quem era melhor para o País, mesmo sabendo
as limitações da Dilma. Já no primeiro dia, vimos um ministério cujo critério
foi a exclusão de todos que eram próximos do
Lula. O Gilberto Carvalho é o
mais óbvio", diz ela.
Marta também afirmou que Lula
será novamente escanteado em 2018. "Mercadante
mente quando diz que Lula será o candidato. Ele é candidatíssimo e está
operando nessa direção desde a campanha, quando houve um complô dele com Rui e
João Santana para barrar Lula", diz ela, prevendo ainda que o chefe da
Casa Civil dificilmente vencerá.
"Ele
vai ter contra si sua arrogância, seu autoritarismo, sua capacidade de promover
trapalhadas. Mas ele já era o homem forte do governo. Logo, todas as
trapalhadas que ocorreram antes ocorrem agora e ocorrerão depois terão a
digital dele."
"Desmandos" no PT
Marta também criticou o que
chamou de "desmandos" do PT, sinalizando que irá se abrigar em outra
sigla para disputar a prefeitura de São Paulo, em 2016. "Cada
vez que abro um jornal, fico mais estarrecida com os desmandos do que no dia
anterior. É esse o partido que ajudei a criar e fundar? Hoje, é um partido que
sinto que não tenho mais nada a ver com suas estruturas. É um partido cada vez
mais isolado, que luta pela manutenção no poder. E, se for analisar friamente,
é um partido no qual estou há muito tempo alijada e cerceada, impossibilitada
de disputar e exercer cargos para os quais estou habilitada."
Segundo ela, "ou o PT muda ou acaba".
Fonte:
Brasil
247.