Xuxa
foi demitida pela internet.
A Era Digital acabou com os tempos em que a Globo, ou qualquer empresa tradicional de mídia, podia se dar ao luxo de pagar salários extravagantes a gente que não vai ser aproveitada.
A
Globo fez isso por anos, décadas, mas agora a realidade é muito mais
desafiadora.
A questão dramática, para o futuro da Globo, está na receita
publicitária, que é responsável por praticamente 100% de seu faturamento.
Os anunciantes estão migrando em velocidade cada vez maior
das mídias convencionais – incluída a tevê – para a internet.
Na Inglaterra, um levantamento mostrou que pela primeira vez
na história em 2015 a fatia da internet no bolo da propaganda será maior do que
todo o resto junto – jornais, revistas, rádios, tevês etc.
No mundo, a internet já é a segunda maior mídia em
faturamento publicitário, pouco atrás da tevê. A diferença é que a internet
cresce aceleradamente enquanto a tevê está estagnada.
Neste ambiente, não surpreendeu uma previsão do presidente da
Netflix. Segundo ele, em 2030 a tevê como conhecemos terá desaparecido.
Com suas receitas altamente ameaçadas, a Globo tem que se
defender ferozmente nas despesas.
É dentro dessa lógica que se deve compreender a decisão de
levar Jô para um estúdio mais barato, sem plateia, e talvez também sem o
sexteto.
Xuxa não dá mais Ibope, foi a alegação da Globo, disse o site
Notícias da Tevê. Mas quem dá?
Todos os programas da Globo batem sucessivos recordes de pior
audiência da história da emissora, do Jornal Nacional ao Fantástico, do Faustão
às novelas.
O faturamento publicitário da Globo, hoje, é absolutamente
incompatível com sua audiência. A Globo vem cobrando mais caro dos anunciantes
por uma entrega para cada vez menos pessoas.
Isso se explica, em boa parte, a uma invenção de Roberto
Marinho chamada Bônus por Volume, o BV. As agências recebem bonificações caso
optem pela Globo.
A maior parte das agências depende, hoje, do BV da Globo. E
então elas se empenham, junto aos clientes, para anunciar na Globo.
Mas é uma questão de tempo que os clientes se insurjam contra
isso. Ninguém gosta de colocar cada vez mais dinheiro num meio cada vez menos
visto.
É provável que, como aconteceu com as revistas, algum grande
anunciante saia da Globo, num futuro bem próximo, e carregue com ele o chamado
efeito manada.
A internet jamais trará à Globo o dinheiro e a influência da
tevê: é um meio fragmentado, em que a vantagem competitiva é dos nativos, e não
das grandes companhias.
A Globo é a Abril amanhã, um colosso lutando pela
sobrevivência numa paisagem inóspita e potencialmente letal.
Para retardar a queda, porque evitá-la é impossível, resta
trabalhar obsessivamente na coluna de custos.
É aí que se encaixam Xuxa, Jô e muitas coisas que fatalmente
ocorrerão daqui para a frente.
Fonte:
Diário
do Centro do Mundo.