O procurador-geral do México, Jesus Murillo, anunciou na
madrugada deste sábado que os 43 estudantes desaparecidos desde setembro foram
mortos por uma gangue de traficantes. A informação, foi obtida no depoimento
três supostos integrantes da Guerreiros Unidos detidos pela polícia na cidade
de Iguala, no sul do país.
Em entrevista coletiva em Cidade do México, a capital do
país, Murillo disse ainda que os bandidos admitiram a participação de policiais
aliciados pelo tráfico na operação. Os estudantes teriam sido entregues à
gangue pela própria polícia, depois de serem presos em 26 de setembro durante
um protesto em Iguala, no Estado de Guerrero.
No
protesto, violentamente interrompido pela polícia, morreram seis estudantes.
Murillo forneceu detalhes estarrecedores sobre o caso. Pelo
menos 15 dos desaparecidos já teriam sido entregues mortos por asfixiamento
pela polícia aos traficantes, que então fuzilaram o restante antes de queimar
os corpos.
O procurador-geral também exibiu os vídeos com a confissão
dos integrantes da gangue.
Conluio
Murillo afirmou ainda que a identificação dos corpos será um
processo longo, já que os traficantes queimaram os corpos por mais de 12 horas
antes de atirar seus restos mortais num rio em sacos plásticos. Os estudantes
continuarão considerados oficialmente desparecidos até a conclusão dos exames
de DNA.
Os restos mortais ficaram tão carbonizados que será preciso
enviar amostras para experts na Áustria para ajudar na identificação. Parentes dos estudantes,
porém, viram na falta de identificação formal dos corpos uma esperança.
“Enquanto não houver um resultado oficial das investigações,
nossos filhos continuam vivos”, disse Felipe de la Cruz, pai de um dos
desaparecidos.
Ele criticou o que chamou de uma tentativa do governo
mexicano de encerrar de forma apressada a investigação.
Nas últimas semanas, diversas covas clandestinas foram
encontradas em Iguala, mas até o anúncio deste sábado não havia uma relação
direta com o caso dos estudantes.
Provenientes da Escola Normal
Rural Raul Isidro Burgos, em Ayotzinapa, no Estado de Guerrero – conhecida
entre militantes de esquerda como uma espécie de “celeiro de guerrilheiros” por
conta de sua orientação socialista -, o grupo tinha ido às ruas de Iguala em
busca de verbas e transporte para participar de manifestações na Cidade do México
marcando o aniversário do Massacre de Tlatelolco, em 1968, quando entre 200 e
300 estudantes foram mortos pela polícia durante um protesto.
Depois de enfrentamentos com as forças se seguranças, os
estudantes foram vistos pela última vez sendo colocados em veículos policiais.
Desde então, o caso ganhou repercussão internacional, com
governos e entidades pedindo uma investigação rigorosa ao presidente mexicano,
Enrique Peña Neto. O presidente despachou a Polícia Federal para assumir a
segurança de Iguala. Houve vários protestos no México, incluindo novos
violentos enfrentamentos em Iguala.
O caso provocou a renúncia do governador Angel Aguirra, no último
dia 23. Mas a situação mais complicada é a do prefeito licenciado de Iguala,
José Luís Albarca.
Policiais
de Iguala afirmaram que o prefeito deu ordens para a violenta repressão ao
protesto dos estudantes para que eles não interrompessem um comício que sua
esposa, Maria Piñeda, faria na cidade no mesmo dia.
Piñeda, segundo informações da mídia mexicana, preparava-se
para lançar candidatura à prefeitura nas eleições do ano que vem.
Albarca pedira licença do cargo em 30 de setembro e fugiu com
a mulher em 22 de outubro quando um mandado de prisão foi expedido contra
ambos. O casal estava foragido até a última terça-feira, quando foi preso em
Cidade do México.
No total, mais de 70 pessoas, a maior parte deles policiais,
foram presas em conexão com o desparecimento.
Falando na sexta-feira, o presidente mexicano novamente
prometeu “levar todos os responsáveis à Justiça”.
Fonte: Diário do Centro do Mundo.














