Escritórios suspeitos mudavam constantemente de
endereço, por isso a ação foi batizada de Nomadismo.
A Operação Nomadismo, deflagrada hoje (31) pela
Polícia Federal (PF) em parceria com a Previdência Social, pode ter
identificado a ponta do iceberg de uma quadrilha que fraudava o Instituto
Nacional do Seguro (INSS). Até o momento, foram contabilizados cerca de R$ 4
milhões em valores desviados, mas, segundo o delegado Marcelo Fernando Bórsiom,
a soma pode chegar a R$ 40 milhões.
“Das
17 pessoas ouvidas hoje, 12 já foram indiciadas. Há pelo menos dois servidores
[públicos] envolvidos no caso”, informou o delegado. De acordo com ele, de
janeiro a maio de 2010, os fraudadores enviaram informações falsas ao INSS,
principalmente por meio de Guia de Recolhimento do FGTS (Gfip) fraudulentas, a
fim de “criar qualidade de segurado para pessoas que não trabalham em
empresas”. Foram cerca de 5,2 mil guias fraudulentas, detalhou Bórsiom.
A Gfip
é um documento que informa quais funcionários trabalham em determinada empresa,
o que fazem e qual salário recebem. Por meio dessa guia foram concedidos
benefícios a falsos segurados. Segundo o delegado, o valor de cada benefício
chegava a R$ 3,5 mil. Entre os benefícios concedidos irregularmente estão os de
aposentadoria, em especial por incapacidade, e seguro-desemprego.
“A
operação vai desvendar um alvo muito maior do que o de hoje”, disse Bórsio, ao
informar a existência de “indícios de que houve fraude também entre 2013 e
2014”. Nos escritórios de contabilidade inspecionados hoje pela Polícia Federal
foram encontrados “diversos documentos de [mais] empresas de fachada ou
inativas [usadas para aplicar o golpe]”, acrescentou.
A
Polícia Federal entrou no caso após denúncias que detalhavam o modus operandi
(modo de agir) dos fraudadores. “Checamos as informações no sistema e chegamos
à conclusão, por meio de provas materiais e contundentes, de que essas pessoas
estavam de fato fraudando a Previdência”, explicou Bórsio. As maiores
dificuldades enfrentadas durante as investigações foram decorrentes do fato de
os escritórios suspeitos mudarem constantemente de endereço – motivo pelo qual
a PF batizou a operação de Nomadismo.
Superintendente
Regional do INSS nas regiões Norte e Centro-Oeste, José Eduardo Lopes Mendes
disse que está aguardando a conclusão das investigações para ter uma ideia da
dimensão que o golpe teve em termos de volume, pessoas envolvidas e prejuízo
aos cofres públicos.
A PF
cumpriu hoje 22 mandados de busca e apreensão e 17 ordens de condução
coercitiva. As investigações tiveram início em 2010. Desde então, foi feito um
mapeamento das ações dos investigados. A operação contou com a participação de
130 policiais e tem o reforço de analistas do ministério.
Fonte: Ceará News 7.













