A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou
uma nota sobre o país “pós-eleições”. O texto recorda aos escolhidos nas
eleições de outubro “a responsabilidade colocada sobre seus ombros de não
frustrar as expectativas de quem os elegeu” e o “compromisso com a ética, a
verdade e a transparência no exercício de seu mandato, bem como o dever de
servir a todo o povo brasileiro”.
A nota também
destaca a urgência da reforma política, como arma contra a corrupção.
Trechos:
A campanha eleitoral deste ano ratificou o processo
democrático brasileiro no qual partidos, candidatos e eleitores puderam debater
suas ideias e projetos. Tornou mais visíveis, no entanto, graves fragilidades
de nosso sistema político: sua submissão ao poder econômico financiador das
campanhas; o descompromisso de partidos e candidatos com programas, favorecendo
debates com ataques pessoais; a prevalência da imagem dos candidatos produzida
pelos marqueteiros; o desrespeito, em alguns casos, às leis que combatem a
corrupção eleitoral.
Passadas as eleições, urge ao País recompor sua unidade no
respeito às diferenças e à pluralidade, próprias da democracia. Nada justifica
a disseminação de uma divisão ou de ódio que depõe contra a busca do bem comum,
finalidade principal da Política. O bem de todos coloca a pessoa humana e sua
dignidade acima de ideologias e partidos.
A construção do bem comum desafia, especialmente, os eleitos
em outubro deste ano. A corrupção na Petrobras reforça a sensação de que é um
mal que não tem fim. Vemos aqui, claramente, as consequências do financiamento
de campanhas por empresas, porta e janela de entrada da corrupção. Nenhum país
prospera com corrupção que, no caso do Brasil, lamentavelmente já vem de muitos
anos e não se limita à Petrobras.
A reforma política é outra urgência inadiável. Convicta
disso, a CNBB se empenhará ainda mais na coleta de assinaturas para o Projeto
de Lei de Iniciativa Popular proposto pela Coalizão pela Reforma Política
Democrática e Eleições Limpas. À reforma política, entretanto, é necessário
unir outras reformas igualmente urgentes como a tributária e a agrária. O
Brasil não pode mais conviver com tanta omissão em relação a estas e outras
matérias que lhe são vitais.
Fonte:
Diário
do Centro do Mundo.